Fenômeno natural deixa Mar da Galileia vermelho e desperta referências bíblicas
Autoridades israelenses explicam que microalga responsável pela coloração não oferece risco à saúde humana
Por Plox
11/08/2025 19h29 - Atualizado há 3 dias
O Mar da Galileia, conhecido por suas águas calmas e cristalinas, amanheceu no último fim de semana tingido de vermelho, surpreendendo moradores e turistas em Israel. A cena, associada por muitos a passagens bíblicas, foi rapidamente comparada ao episódio das dez pragas do Egito descrito no livro do Êxodo, quando o rio Nilo teria se transformado em sangue.

Apesar do simbolismo religioso que ganhou força nas redes sociais, autoridades do Ministério do Meio Ambiente de Israel esclareceram que a mudança de cor foi causada pela microalga Botryococcus braunii. Essa espécie, geralmente verde, pode adquirir coloração avermelhada quando acumula pigmentos naturais sob luz solar intensa. O fenômeno é inofensivo, não apresenta riscos para a saúde e a água permanece própria para banho.
O crescimento acelerado da microalga ocorre em condições específicas, como temperaturas elevadas, alta incidência de sol e concentração de nutrientes na água. Embora algumas marés vermelhas possam liberar toxinas nocivas à vida marinha e aos humanos, especialistas garantem que, neste caso, não houve produção de substâncias prejudiciais nem registros de reações alérgicas.
A Botryococcus braunii é também reconhecida por sua capacidade de produzir hidrocarbonetos, substância que pode ser utilizada na fabricação de biocombustíveis. Esse tipo de coloração já foi observado em outros locais do mundo e, inclusive, em regiões próximas. Em 2021, por exemplo, uma lagoa próxima ao Mar Morto, na Jordânia, apresentou tonalidade vermelho-sangue, alimentando interpretações religiosas semelhantes.
Além da importância ecológica, o Mar da Galileia carrega peso histórico e espiritual. No Novo Testamento, o local é citado como cenário de milagres atribuídos a Jesus, como a pesca milagrosa, a multiplicação dos pães e peixes e a caminhada sobre as águas. Entre judeus, a região era tradicionalmente associada à pesca e à moradia.
Fenômenos naturais com alteração de cor da água também ocorrem em outras partes do mundo, sendo conhecidos como maré vermelha. Essa designação se refere à proliferação massiva de microalgas ou cianobactérias que liberam pigmentos avermelhados ou amarronzados. Em casos tóxicos, podem provocar mortandade de peixes e riscos ao consumo de frutos do mar contaminados, mas nem todas as ocorrências representam ameaça.
Ainda que a ciência explique o motivo, a visão do Mar da Galileia tingido de vermelho continua a instigar a imaginação e a memória religiosa de comunidades locais e visitantes, reforçando a mistura entre natureza, fé e história que marca a região.