Hospitais privados enfrentam retenção de R$ 2,3 bilhões em pagamentos por planos de saúde

Segundo um levantamento recente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), há uma retenção alarmante de R$ 2,3 bilhões em pagamentos de operadoras de saúde para hospitais. Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, descreveu a situação como "sem precedentes", tendo a pesquisa levantado informações com 48 hospitais associados. O montante devido abrange desde atendimentos de emergência a internações e exames. Britto observa que, "A conta de todos os serviços prestados no hospital é enviada para a operadora", mas muitas operadoras têm encontrado obstáculos no processo de pagamento.

Barreiras e Dificuldades de Pagamento

A Anahp destacou que as operadoras impuseram novas barreiras ao processo de pagamento. Uma delas é a definição de um único dia para os hospitais enviarem faturas referentes a um mês inteiro. Britto também ressaltou a tática de estabelecer um "limite de pagamento mensal", independentemente do número de pacientes atendidos.

Além disso, a prática da "glosa", que permite que as operadoras questionem uma conta com a qual não concordam, aumentou drasticamente. O índice saltou de 3,5% para 9%. Britto destaca que essa prática não deve ser usada como "um instrumento para arrumar o caixa das operadoras às custas dos hospitais."

A Crise Financeira das Operadoras

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) relatou um prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões em 2022, o pior desde o início de seus registros em 2001. Marcos Novais, superintendente executivo da Abramge, enfatiza que todos os atendimentos pendentes de pagamento estão provisionados. Ele destaca o cenário desafiador que as operadoras estão enfrentando, onde "o que estamos cobrando de mensalidade não está pagando as despesas médicas."

Entre as causas do déficit, as operadoras apontam fraudes, terapias de alto custo, aumento de idosos entre os clientes e regras que permitem terapias ilimitadas.

Busca por Soluções e Diálogo

Enquanto os hospitais privados enfrentam crescentes desafios financeiros devido aos pagamentos retidos, ambos os lados reconhecem a necessidade de comunicação. Britto da Anahp pede soluções dialogadas, afirmando que a crise "precisa ser solucionada com diálogo." Novais da Abramge concorda, enfatizando que a cooperação entre operadoras e hospitais nunca foi tão forte. Ambas as partes parecem comprometidas em encontrar uma solução que beneficie o setor como um todo.