Governo Lula avalia retorno do horário de verão para evitar racionamento de energia
Medida é considerada devido à crise hídrica no Brasil
Por Plox
11/09/2024 12h47 - Atualizado há 3 meses
O Ministério de Minas e Energia está estudando a possibilidade de reintroduzir o horário de verão como parte de uma estratégia para evitar um racionamento de energia no país. A seca severa que afeta diversas regiões do Brasil elevou preocupações sobre a capacidade do setor energético de atender à demanda crescente, especialmente nos horários de pico de consumo. A medida é uma entre várias alternativas, já que o governo também tem autorizado o aumento na operação de usinas termelétricas a gás, além de ter implementado o aumento das bandeiras tarifárias na conta de luz.
Retrospectiva do horário de verão e situação hídrica
O horário de verão foi descontinuado em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro, mas voltou a ser discutido em 2023, quando o país enfrentava outra seca significativa. Na época, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva descartou a ideia, pois a avaliação do Ministério de Minas e Energia indicava que os níveis dos reservatórios de água eram suficientes para suportar a demanda, mesmo com a estiagem.
Em 2024, a seca atingiu um nível crítico. O Brasil enfrenta o período mais seco de sua história, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Na Amazônia, os rios Madeira e Negro registraram alguns dos níveis mais baixos já observados, causando sérios problemas de abastecimento e isolamento de comunidades ribeirinhas. Manaus, a capital do Amazonas, está entre as cidades impactadas.
Impacto nas usinas termelétricas
Diante da gravidade da situação, o governo tomou outras medidas, como a ampliação das autorizações para o funcionamento de usinas termelétricas em várias regiões do país. Usinas localizadas em Santa Cruz (RJ), Linhares (ES) e Porto Sergipe (SE) passaram a operar com maior intensidade para atender à demanda energética.
O presidente Lula, durante visita ao Norte do país, anunciou a criação de uma autoridade climática e a implementação de um marco legal para enfrentar emergências climáticas. A região é uma das mais afetadas pela crise hídrica, intensificando a necessidade de ações rápidas e eficazes para garantir o fornecimento de energia.
Declarações do ministro sobre o horário de verão
Em um evento internacional realizado no dia 11 de setembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comentou sobre o possível retorno do horário de verão, destacando que a decisão ainda depende de fatores climáticos, como o índice pluviométrico. "É algo que está colocado na mesa, mas não existe uma decisão, porque até depende do índice pluviométrico. No setor energético, todas as possibilidades têm que estar na mesa," afirmou o ministro.
Além disso, ele enfatizou a importância de equilibrar a segurança energética com tarifas justas para a população. Segundo Silveira, "a compreensão das pessoas que se aprofundam na matéria sabem que o nosso desafio, como formuladores de política pública desse setor, é equilibrar a segurança energética com a modicidade tarifária."
Impactos econômicos e sociais do horário de verão
O ministro também abordou o impacto que a reintrodução do horário de verão poderia ter na economia, mencionando que setores como turismo, bares e restaurantes poderiam se beneficiar com a mudança. "No horário de verão, nós sabemos que, apesar da divisão da sociedade com relação a ele, a maioria da sociedade nas pesquisas de opinião aponta que aprova o horário de verão," disse ele, reforçando que a questão vai além da energia, abrangendo também a dinâmica econômica.
Desafios no consumo energético
Um dos principais argumentos a favor do horário de verão está relacionado à redução do pico de consumo no final do dia. Silveira explicou que, durante esse período, há um aumento significativo no uso de aparelhos como ar-condicionado e ventiladores, justamente no momento em que a geração de energia solar diminui e a eólica se torna menos eficiente. "Se a gente puder diluir isso no horário de verão, talvez seja um ganho que vá dar robustez ao sistema," concluiu o ministro.