Polícia Federal investiga transplantes de órgãos com HIV no Rio de Janeiro
Seis pacientes foram contaminados após receber órgãos de dois doadores, situação considerada inédita no país
Por Plox
11/10/2024 21h32 - Atualizado há cerca de 1 mês
A Polícia Federal vai investigar o caso de seis pacientes no Rio de Janeiro que foram contaminados com HIV após receberem transplantes de órgãos. A informação foi confirmada pelo Ministério da Justiça, após o relato de que esses pacientes, que aguardavam na fila de transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), testaram positivo para o vírus.
Os órgãos infectados vieram de dois doadores, e a contaminação foi confirmada pela Secretaria, que também está investigando o ocorrido. O Ministério da Saúde, o Ministério Público do RJ, a Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) estão colaborando nas apurações. Especialistas afirmam que este é um caso sem precedentes no Brasil.
Gestão da Central de Transplantes não foi consultada
O Sistema Nacional de Transplante segue protocolos rigorosos de rastreamento de doadores, conforme normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que incluem testes obrigatórios para HIV, hepatite B e C, e outras infecções. No Brasil, doadores com HIV positivo não são aceitos para transplantes.
O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, classificou a situação como extremamente grave, afirmando que compromete a confiança dos pacientes que já se encontram em condições de saúde vulneráveis, aumentando ainda mais suas preocupações.
Laboratório sob investigação
O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), suspeito de ser o responsável pelos exames que permitiram a infecção, é administrado por Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho, atualmente deputado federal. Outro sócio é Walter Vieira, casado com uma tia do deputado.
Entre 2022 e 2024, o laboratório recebeu cerca de R$ 19,6 milhões em pagamentos da Fundação Saúde, estatal que assinou o contrato com a empresa. Esses pagamentos, que começaram sem contrato formal, foram feitos por meio de termos de ajuste de contas (TACs), um instrumento excepcional para reconhecimento de serviços sem contrato.