Trombose pode ser fatal e ainda é pouco conhecida

A imobilidade hospitalar é um risco significativo para a trombose, mas até mesmo uma longa viagem pode desencadear o problema

Por Plox

11/10/2024 15h33 - Atualizado há cerca de 1 mês

O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, celebrado em 16 de setembro, serve como um importante alerta sobre uma condição que, apesar de sua alta prevalência, ainda é pouco compreendida por muitos e, em alguns casos, difícil de diagnosticar. A trombose ocorre quando há a formação de coágulos sanguíneos, que bloqueiam o fluxo normal de sangue em veias ou artérias. As consequências podem ser graves: tromboses arteriais, por exemplo, podem causar um derrame cerebral, infarto do coração ou até levar à amputação de membros.

Foto: reprodução/ freepik

Riscos da trombose venosa

Embora as tromboses arteriais sejam extremamente perigosas, as tromboses venosas também apresentam riscos significativos. A trombose nas veias das pernas, por exemplo, pode resultar em embolia pulmonar, uma condição que pode ser fatal. Esse risco aumenta tanto no ambiente hospitalar, onde a imobilidade é comum, quanto em situações como viagens longas, especialmente voos internacionais. Em ambos os casos, a formação de coágulos pode ser desencadeada pela estase venosa, quando o sangue flui de forma inadequada, aumentando a chance de trombose.

Segundo o angiologista e cirurgião vascular João Sahagoff, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a trombose venosa, que afeta pacientes hospitalizados com frequência, tem uma alta incidência devido à imobilidade prolongada. Ele alerta que uma em cada quatro mortes hospitalares é decorrente de embolia pulmonar.

Grupos de risco e fatores agravantes

Os idosos são o principal grupo de risco para a trombose venosa. O médico alemão Rudolf Virchow descreveu a "tríade da trombose", que inclui três fatores-chave: estase venosa, hipercoagulabilidade e lesão do endotélio vascular. A estase venosa ocorre em pessoas acamadas por longos períodos, enquanto a hipercoagulabilidade é comum em indivíduos com neoplasias (câncer), que também afetam mais frequentemente os idosos. Já a lesão do endotélio vascular pode ocorrer por traumas, como injeções.

Mas os jovens também não estão isentos de risco. Cirurgias ortopédicas e abdominais, que exigem imobilidade no pós-operatório, podem facilitar a ocorrência de tromboses. Outro fator preocupante é o uso de anticoncepcionais combinados com o tabagismo, especialmente entre mulheres jovens, um grupo em que a incidência de fumantes tem crescido. O uso de dispositivos como o vape também é alarmante, devido à alta concentração de nicotina e a incerteza sobre seus componentes.

Viagens longas e "trombose do viajante"

As viagens prolongadas, especialmente de avião ou ônibus, também podem desencadear a chamada "trombose do viajante" ou "síndrome da classe econômica". Mesmo passageiros em classes executivas não estão imunes. O ambiente pressurizado da cabine, somado à desidratação provocada pelo ar-condicionado, agrava a situação. João Sahagoff explica que o consumo de álcool e o uso de medicamentos para dormir pioram o quadro, aumentando o risco de trombose venosa profunda.

Para prevenir o problema, o especialista recomenda o uso de meias de compressão e sugere que os passageiros se movimentem regularmente, bebam bastante água e evitem medicamentos controlados, além de chá e café, durante o voo.

Sintomas e diagnóstico da trombose

Os sinais de uma trombose venosa profunda não devem ser subestimados. A dor intensa na panturrilha, acompanhada de inchaço, endurecimento e vermelhidão no local, são os sintomas mais comuns. Essas condições podem dificultar a mobilidade e exigem atenção médica imediata. O diagnóstico é geralmente feito por meio de um exame de imagem chamado Ecocolordoppler, que é não invasivo e capaz de localizar o trombo rapidamente.

Tratamento e prevenção

Hoje em dia, o tratamento da trombose evoluiu significativamente. Segundo Sahagoff, antigamente o único recurso disponível era a heparina não fracionada, administrada por via venosa. Atualmente, há medicamentos modernos, como heparina de aplicação subcutânea e anticoagulantes orais, que oferecem uma proteção eficaz aos pacientes diagnosticados com trombose. No entanto, adotar um estilo de vida saudável é essencial para o sucesso do tratamento, sempre com o acompanhamento de um angiologista ou cirurgião vascular.

 

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