Lula critica rejeição de MP e diz que R$ 5 mil não define classe média

Durante a apresentação de um novo modelo de crédito imobiliário, nesta sexta-feira (10), em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a demonstrar insatisfação com a decisão da Câmara dos Deputados de derrubar a Medida Provisória 1303, que propunha aumento de tributos como forma de compensar a elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Foto: Agência Brasil

No mesmo evento, Lula abordou outro tema que tem movimentado o Congresso: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. O presidente se referiu à recente aprovação, pelos deputados, do projeto de lei que garante isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil, proposta que agora será apreciada pelo Senado. Aproveitando o momento, Lula questionou a classificação de renda adotada por parte da sociedade.

"Não é possível a gente achar que quem ganha R$ 5 mil reais é classe média. Não é possível. Quem ganha até R$ 5 mil não pode ser chamado de classe média. Se o cara pagar aluguel e ele tiver um filho na escola, mal e porcamente sobra para ele comer\

Ao criticar a postura dos parlamentares diante da MP rejeitada, Lula lembrou que a proposta previa aumentos de contribuição para segmentos mais privilegiados. Segundo ele, o texto tinha sido construído com acordo prévio dentro do Congresso e previa ajustes tributários para grandes rendas e setores como fintechs e empresas de apostas.

"É esse país que a gente governa. É esse país que a gente manda um projeto de lei depois de acordado no Congresso Nacional para as pessoas que ganham acima de 600 mil reais, acima de 1 milhão, pagar uma merrequinha a mais, para que as fintechs paguem um pouquinho mais, para as bets pagarem um pouco mais, e eles votam contra. Porque esse dinheiro poderia fazer com que a gente tivesse um pouco mais de política de inclusão social\

Ainda no evento, o governo federal anunciou uma nova linha de crédito voltada à reforma de residências de famílias de baixa renda. A iniciativa está vinculada ao programa Minha Casa, Minha Vida e prevê financiamentos entre R$ 5 mil e R$ 30 mil. As condições são facilitadas, com juros reduzidos e prazos de pagamento que variam entre 24 e 60 meses. A nova linha de crédito se soma ao modelo de financiamento habitacional ampliado que fortalece o Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Com discursos diretos e críticas ao comportamento do Congresso em relação às políticas de redistribuição, Lula tem buscado reforçar sua posição diante de pautas sociais e econômicas que impactam diretamente a população de baixa renda.