Consumo crescente de energéticos no Brasil é ligado a transtornos psíquicos

O aumento no consumo de bebidas energéticas no Brasil tem sido associado a problemas de saúde mental, como ansiedade, sintomas depressivos e comportamentos de risco.

Por Plox

11/11/2024 19h08 - Atualizado há 3 meses

Estudos recentes apontam que o consumo excessivo de energéticos, ricos em cafeína e outras substâncias estimulantes, pode causar efeitos adversos à saúde mental. Segundo o professor e psiquiatra Fernando Asbahr, coordenador do Ambulatório de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP, a alta concentração dessas substâncias nos energéticos traz uma série de consequências preocupantes. “Estudos mais recentes hoje já trazem uma associação do alto consumo de energéticos com mais ansiedade, mais sintomas depressivos, mais comportamentos de risco”, afirmou Asbahr ao Jornal da USP. Ele ainda destaca que, embora a relação não seja de causalidade direta, o impacto sobre a saúde mental é evidente e relevante.

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Crescimento no consumo de energéticos

O consumo de bebidas energéticas no Brasil vem crescendo rapidamente. Dados da Scanntech, divulgados pelo Jornal da USP, indicam que em 2024 o consumo de energéticos aumentou 15% em relação ao ano anterior. Esse crescimento acompanha uma tendência de alta significativa: a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR) mostra que a produção de energéticos no país saltou de 63 milhões de litros por ano em 2010 para 151 milhões de litros em 2020.

Cafeína em alta concentração

Um dos principais fatores de risco é a quantidade de cafeína presente nos energéticos, que excede em muito a de bebidas comuns como o café. O professor Asbahr explica que, nos energéticos, a cafeína “vem em uma concentração muito maior do que no cafezinho que a gente está habituado”. Essa substância, sendo um potente estimulador do sistema nervoso central, pode gerar consequências graves quando consumida em excesso.

Recomendações e regulamentações

Devido aos riscos, a União Europeia exige a rotulagem de bebidas com mais de 150 mg de cafeína por litro, desaconselhando o consumo por crianças, grávidas e lactantes. No Brasil, a Anvisa recomenda que o consumo diário de cafeína por adultos não ultrapasse 400 mg. Como os energéticos geralmente apresentam concentrações a partir de 300 mg/L, a ingestão excessiva desses produtos deve ser evitada para prevenir problemas de saúde.

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