Jovem jornalista Beatriz Capirazi morre aos 26 anos de parada cardíaca

Repórter do Grupo Estado faleceu após crises de ansiedade e dificuldades respiratórias; sua trajetória incluiu dedicação ao jornalismo e temas de responsabilidade social e saúde

Por Plox

11/11/2024 07h37 - Atualizado há 3 meses

Beatriz Capirazi, de 26 anos, jornalista do Grupo Estado, morreu na madrugada deste domingo (10) devido a uma parada cardiorrespiratória. A repórter trabalhava na Agência Estado, onde se dedicava à cobertura de saúde, tendo atuado anteriormente na área de ESG, cobrindo práticas ambientais, sociais e de governança.

O quadro de saúde de Beatriz agravou-se ao longo da semana. Na segunda-feira (4), a jovem começou a sentir uma crise de ansiedade acompanhada de tonturas e dificuldades para respirar. Em meio a exames que não revelaram problemas cardíacos, ela seguiu buscando atendimento médico, mas voltou a piorar no sábado (9). Ao desmaiar em casa, recebeu massagem cardíaca do pai antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e dos bombeiros, que tentaram manobras de ressuscitação sem sucesso.

Beatriz Capirazi Foto: Arquivo Pessoal

Uma infância marcada por superação e a descoberta do amor pela leitura

A trajetória de Beatriz teve um início difícil. Ela foi adotada com apenas um ano e três meses por Maria Tereza Bergamin, professora, e Ariovaldo Arcas Capirazi, projetista. Sua mãe biológica a utilizava para pedir esmolas nas ruas, até que uma denúncia ao conselho tutelar a levou a um abrigo, onde permaneceu até ser adotada pelo casal, na Lapa, São Paulo. "O primeiro presente que minha cunhada deu à Beatriz foi um livrinho. Com o tempo, ela se tornou uma pessoa apaixonada por ler e escrever, vivia com livros para cima e para baixo", relembra Maria Tereza, destacando o impacto da adoção na vida da filha.

Essa experiência de adoção também inspirou Beatriz em sua carreira. Na faculdade de jornalismo, ela escreveu o livro "Vidas Sucateadas – Um olhar sobre a devolução de crianças adotadas", onde reuniu histórias de jovens e especialistas que abordavam o tema da devolução após a adoção. Além disso, ela tinha planos de escrever um segundo livro sobre o destino dos jovens que deixam abrigos ao atingir a maioridade, sem o suporte familiar.

Dedicação acadêmica e o orgulho dos pais

Beatriz teve uma carreira acadêmica promissora, ingressando em terceiro lugar no curso de Jornalismo da Universidade Paulista (Unip) e graduando-se com honras. Esse período acadêmico e a intensa dedicação à escrita e leitura foram fontes de grande orgulho para seus pais.

Na última sexta-feira (8), Maria Tereza e Beatriz passaram a noite juntas assistindo a um filme, aproveitando momentos de descontração em casa. "Rimos demais. Eram cenas bobas e leves, mas adoramos", recorda a mãe.

Cerimônia de despedida

O velório de Beatriz será realizado no Cemitério da Lapa, a partir das 10h da segunda-feira (11), e o sepultamento está marcado para 14h30. A jovem jornalista deixa um legado de dedicação ao jornalismo, com foco em temas sociais e um carinho profundo pela família que a acolheu.

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