Anvisa pode enfrentar colapso em 2025 por falta de servidores

Antônio Barra Torres afirma que governo Lula foi alertado sobre a situação desde 2023 e pede medidas urgentes para evitar o colapso.

Por Plox

11/12/2024 07h42 - Atualizado há cerca de 11 horas

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, fez um alerta sobre o risco de colapso da instituição em 2025 devido à insuficiência de servidores. Ele afirmou que o problema foi comunicado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes mesmo de sua posse, em janeiro de 2023.

“Tem que ter gente para trabalhar. A FDA, nos Estados Unidos, tem 18 mil servidores para 315 milhões de habitantes. A Anvisa não precisa ter 18 mil, mas 1.400 não dá”, destacou Barra Torres em entrevista ao jornal O Globo.

Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Críticas ao governo e falta de atenção à Anvisa

Barra Torres apontou falhas nas gestões anteriores e também no governo atual. Segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro foi "negacionista", e a atual gestão de Lula não estaria dando a atenção necessária para resolver a crise de pessoal na Anvisa.

O diretor revelou que, embora o governo tenha autorizado 120 vagas nos últimos dois anos, apenas 50 foram efetivamente preenchidas. “O colapso vai ocorrer. Quando? Ano que vem, possivelmente”, alertou o presidente da Anvisa.

Desde o início do governo Lula, 27 ofícios foram enviados ao Palácio do Planalto para tratar da situação, além de reuniões e discussões diretas sobre o tema. Segundo Barra Torres, o déficit de pessoal já havia sido exposto ao gabinete de transição ainda em 2022. “Então, não há mais nada que a agência possa fazer”, concluiu.

Anvisa regula quase 30% do PIB brasileiro

Outro ponto destacado por Barra Torres foi a importância econômica da Anvisa. De acordo com ele, uma análise realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, há uma década, a agência regulava cerca de 22,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Hoje, o percentual está próximo de 30%, o que intensifica a necessidade de uma equipe mais robusta para atender à demanda crescente.

O diretor também chamou a atenção para os prejuízos econômicos e sociais decorrentes do atraso na análise de produtos regulados. Segundo ele, uma associação contratou uma empresa para avaliar a situação, que identificou um total de US$ 17 bilhões em medicamentos parados na fila de análise. O impacto pode afetar diretamente o abastecimento de produtos essenciais e a saúde pública.

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