Prefeito afastado de Guapé é acusado de receber lotes como propina
MPMG denuncia novamente Nelson Lara por corrupção e organização criminosa. Empresário também é investigado no esquema que envolve recebimento de lotes avaliados em R$ 500 mil.
Por Plox
11/12/2024 07h14 - Atualizado há cerca de 9 horas
O prefeito afastado de Guapé, no Sul de Minas, Nelson Lara, voltou a ser denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sob as acusações de corrupção ativa, passiva e participação em organização criminosa. Junto a ele, um empresário, cujo nome não foi revelado, também foi citado na nova fase da Operação Trem da Alegria, deflagrada nesta terça-feira (10).
Segundo o MPMG, a investigação aponta que Lara teria recebido dez terrenos localizados em um loteamento na cidade de Guapé como forma de propina para facilitar a aprovação e a instalação de um empreendimento imobiliário. O valor estimado dos lotes é de aproximadamente R$ 500 mil.
Para dar andamento às apurações, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre o núcleo empresarial envolvido no esquema.
Desdobramentos da Operação Trem da Alegria
A Operação Trem da Alegria foi deflagrada inicialmente em fevereiro deste ano, quando Nelson Lara foi preso e afastado do cargo de prefeito de Guapé. Na ocasião, a operação teve como objetivo desarticular uma suposta organização criminosa acusada de praticar crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e fraudes em licitação.
Na primeira fase, seis mandados de prisão preventiva foram cumpridos. Além de Lara, também foram detidos o procurador-geral do município, o diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), o responsável pela gestão de obras na cidade e dois empresários. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Todos os denunciados, incluindo o prefeito afastado, permanecem presos desde a primeira fase da operação. Até o momento, já foram realizadas sete fases dessa operação.
Após sua prisão, Nelson Lara foi expulso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), legenda à qual era filiado enquanto ocupava o cargo de prefeito.
Acusações anteriores
Além das acusações de recebimento de propina e organização criminosa, o Ministério Público já havia apresentado outras denúncias contra Lara. Em setembro deste ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou duas ações apresentadas pelo MPMG contra o ex-prefeito.
A primeira denúncia apontou que Lara teria promovido a expansão urbana desordenada em Guapé, mediante o pagamento sistemático de propinas. A segunda o acusa de simular a compra de um terreno utilizando documentos falsos, além de empregar caminhões-pipa da prefeitura para a realização de obras nessa mesma área.
Outra denúncia, anterior à Operação Trem da Alegria, relatava que Lara contratou servidores para a prefeitura sem a realização de concurso público, prática que também foi investigada pelo MPMG.
Posicionamento do acusado
Até o momento, a defesa de Nelson Lara e do empresário investigado não se manifestou sobre as novas denúncias. O espaço permanece aberto para que os envolvidos apresentem suas versões dos fatos.
Quando foi preso em fevereiro, Lara negou as acusações por meio de suas redes sociais. Ele afirmou estar à disposição para prestar esclarecimentos e classificou a operação como uma "espetacularização da justiça".