Não perca nenhuma notícia que movimenta o Brasil e sua cidade.
É notícia? tá no Plox
Saúde
Dezembro Vermelho reforça prevenção, testagem e combate ao estigma do HIV no Brasil
Campanha destaca prevenção combinada, PrEP, testagem regular e o conceito de carga viral indetectável como chave para interromper a transmissão do HIV e enfrentar o estigma
11/12/2025 às 08:54por Redação Plox
11/12/2025 às 08:54
— por Redação Plox
Compartilhe a notícia:
Dezembro marca, em todo o país, o Dezembro Vermelho, mês dedicado à prevenção, à testagem e ao enfrentamento do estigma em torno do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A campanha, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reforça compromissos da sociedade com o combate ao vírus e propõe um período de reflexão sobre as ações necessárias para reduzir o impacto da pandemia de HIV e Aids no mundo.
Especialista explica avanços no tratamento e importância da testagem regular para interromper a transmissão
Foto: Freepik
No Brasil, o cenário atual do HIV é considerado estável. Em algumas regiões há tendência de queda, enquanto outras registram aumento no número de casos. De modo geral, as taxas de incidência vêm se mantendo sem grandes oscilações nos últimos anos.
Segundo o infectologista Guenael Freire, não há uma transmissão descontrolada, mas também ainda não se observa uma queda robusta nos novos registros de infecção.
Prevenção combinada ganha centralidade
A estratégia de prevenção hoje é baseada em prevenção combinada, um conjunto de métodos que inclui, mas não se limita ao uso de preservativos. A camisinha segue sendo uma forma altamente eficaz de proteção, porém integra um leque mais amplo de ações.
Um dos pilares atuais é o conceito “indetectável = intransmissível”. Quando a pessoa que vive com HIV está em tratamento e atinge carga viral indetectável, ela não transmite o vírus, mesmo sem uso de preservativo. Nessa lógica, ampliar o diagnóstico e garantir o início rápido da terapia antirretroviral é essencial para reduzir a circulação do vírus.
O desafio, segundo o especialista, é alcançar os cerca de 10% a 15% das pessoas que vivem com HIV e ainda não sabem. Por isso, a recomendação é que a testagem seja feita independentemente da presença de sintomas, em laboratórios, farmácias, Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) ou unidades básicas de saúde.
Testagem deve seguir o risco de exposição
A frequência ideal dos testes varia conforme o risco epidemiológico. Para quem tem múltiplos parceiros sexuais, a orientação é repetir a testagem a cada seis meses, como rotina de cuidado em saúde sexual.
Entre as ferramentas disponíveis está a profilaxia pré-exposição (PrEP), medicamento de uso diário capaz de reduzir em mais de 90% o risco de infecção pelo HIV quando utilizado corretamente. Presente tanto na rede pública quanto na privada, a PrEP se soma ao preservativo e a outras estratégias de prevenção.
Para pessoas com risco muito baixo, a indicação é realizar o teste ao menos uma vez na vida. Já quem está em grupo de maior exposição deve manter a rotina semestral de exames.
Sintomas iniciais são pouco específicos
Identificar o HIV com base apenas em sintomas nas fases iniciais é difícil. Nos primeiros anos da infecção, muitas pessoas permanecem sem sinais claros. Em alguns casos, podem surgir mal-estar e linfonodos inchados (ínguas) de forma persistente, mas geralmente não o bastante para motivar a busca espontânea por testagem.
Por isso, a estratégia de controle prioriza a avaliação do risco em vez dos sintomas. Sem tratamento, a infecção progride, a imunidade se enfraquece e aumentam as chances de quadros mais graves, como perda de peso importante, diarreias prolongadas, pneumonias de repetição, febres persistentes, tuberculose e meningite.
Mesmo em estágios avançados, muitos pacientes conseguem recuperar a imunidade ao iniciar a terapia adequada, o que reforça a importância do acesso rápido ao tratamento após o diagnóstico.
Tratamento permite vida plena e ativa
Os antirretrovirais disponíveis atualmente oferecem alta qualidade de vida. São medicações fornecidas gratuitamente e também acessíveis na rede privada, com esquemas simplificados que, muitas vezes, se resumem a um ou dois comprimidos ao dia, capazes de reduzir a carga viral a níveis indetectáveis.
Embora não representem uma cura, esses medicamentos possibilitam que a pessoa viva com expectativa de vida semelhante à da população geral, desde que mantenha o acompanhamento em saúde e a adesão ao tratamento. Tratar quem já foi diagnosticado também é forma de prevenção, pois impede a progressão da doença e interrompe a cadeia de transmissão.
Enfrentar o estigma é parte do cuidado
O estigma ainda pesa sobre quem vive com HIV e sobre quem busca exames de ISTs. A associação equivocada entre testagem e julgamento moral se mantém como um dos principais entraves à prevenção e ao diagnóstico precoce.
Para especialistas, realizar testes de rastreio deve ser entendido como parte natural da saúde sexual, sem tabu ou preconceito. Um diagnóstico feito em fase assintomática tende a evitar complicações relacionadas ao HIV. Nesses casos, a pessoa pode enfrentar, ao longo da vida, as mesmas doenças crônicas comuns à população em geral, como hipertensão, diabetes ou obesidade, ligadas ao envelhecimento, e não necessariamente à infecção.
Quem tem maior risco pode recorrer à PrEP; quem recebe um diagnóstico positivo deve saber que há tratamento eficaz, com poucos efeitos colaterais e alta qualidade de vida possível.