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Polícia
Filho acusado de matar a mãe em BH passa por audiência de instrução
Audiência de instrução do caso Soraya Tatiana foi realizada em 10 de dezembro; juíza nega exame de insanidade mental para o réu, que responde por feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual
11/12/2025 às 08:27por Redação Plox
11/12/2025 às 08:27
— por Redação Plox
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A audiência de instrução do processo que investiga a morte da professora Soraya Tatiana Bonfim França, assassinada em julho deste ano, foi realizada na tarde desta quarta-feira (10). O réu, Matteos França Campos, filho da vítima e preso desde 25 de julho, foi ouvido pela juíza Ana Carolina Rauen, do 1º Tribunal do Júri Sumariante, mas optou por permanecer em silêncio. Ele responde por feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual, crimes cuja motivação, segundo as investigações, seria financeira.
Além de Matteos, uma testemunha também foi ouvida na audiência. Ao fim das oitivas, a magistrada abriu prazo para apresentação das alegações finais pelas partes. O processo tramita em segredo de justiça, o que impede o acesso aos detalhes dos depoimentos e, por ora, não permite saber se o réu será ou não pronunciado — etapa que define se haverá julgamento pelo Tribunal do Júri.
A primeira audiência do caso foi realizada em novembro, quando 12 testemunhas — oito de acusação e quatro de defesa
Foto: Redes Sociais
A primeira audiência do caso foi realizada em novembro, quando 12 testemunhas — oito de acusação e quatro de defesa — prestaram depoimento. Na ocasião, Matteos participou por videoconferência, direto do Presídio de Caeté (MG), onde segue em prisão preventiva.
Juíza nega exame de insanidade pedido pela defesa
A juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza rejeitou o pedido da defesa para instauração de exame de insanidade mental. De acordo com a decisão, não foram apresentados documentos ou laudos que indicassem dúvida razoável sobre a capacidade psíquica do acusado. O Ministério Público também se manifestou contra a realização do exame.
Segundo a magistrada, problemas financeiros e dívidas de jogo não são suficientes, por si só, para levantar suspeita de incapacidade mental. Ela ressaltou que o incidente de insanidade só deve ser instaurado quando houver indícios concretos de que o réu não compreendia o caráter ilícito do ato.
Conclusão do inquérito e indiciamento
A Polícia Civil concluiu o inquérito em 16 de setembro e indiciou Matteos por feminicídio com agravantes — uso de meio que dificultou a defesa da vítima e motivo torpe —, além de ocultação de cadáver e fraude processual. A investigação afastou a versão inicial apresentada pelo acusado.
Num primeiro momento, ele afirmou ter matado a mãe com um golpe de mata-leão após uma discussão “no calor do momento”. Porém, a delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontou que o crime foi premeditado e não resultado de um desentendimento repentino.
Para a Polícia Civil, não houve discussão prévia. As mensagens trocadas entre mãe e filho eram descritas como afetuosas, o que contrariaria a narrativa de conflito imediato. Outro elemento considerado relevante pela investigação foi a forma como o carro de Soraya foi estacionado na garagem do prédio, na véspera do crime: de ré, em vaga privativa, o que teria facilitado a colocação do corpo no porta-malas.
Também foi levado em conta que o réu teria escolhido deliberadamente deixar o corpo sob um viaduto no Conjunto Caieiras, em Vespasiano, e não em outro local qualquer, o que reforçaria a tese de planejamento prévio.
Dívidas e possível motivação financeira
Ao ser preso, Matteos afirmou estar em colapso financeiro e disse acumular cerca de R$ 200 mil em dívidas, principalmente ligadas a apostas on-line e a empréstimos bancários. Testemunhas relataram que ele esperava que a mãe arcasse com seus gastos e lhe proporcionasse uma vida mais confortável.
Soraya mantinha seguro de vida e previdência privada. Embora o filho não tenha declarado que mirava diretamente esses valores, a polícia não descarta essa hipótese como parte do contexto da suspeita de motivação financeira para o crime. Amigos da professora relataram ainda que ela vinha apresentando sinais de depressão e que o comportamento do filho com ela estaria mais agressivo.
Instantes antes de ser morta, Soraya fez uma ligação de 45 minutos para tentar renegociar dívidas. Logo após o fim da chamada telefônica, segundo a investigação, ela foi atacada e morta por esganadura dentro de casa.
Cronologia do caso
18 de julho (sexta-feira): Soraya é morta dentro de casa.
Após o crime: o corpo é levado e deixado sob um viaduto em Vespasiano.
Depois da ocultação: o réu volta para casa e viaja com amigos para a Serra do Cipó.
19 de julho (sábado): Matteos registra boletim de ocorrência alegando desaparecimento da mãe.
20 de julho (domingo): o corpo é encontrado após denúncia anônima.
25 de julho: Matteos é preso e confessa o crime.
16 de setembro: a Polícia Civil de Minas Gerais conclui o inquérito e formaliza o indiciamento.
22 de setembro: o Ministério Público de Minas Gerais oferece denúncia, aceita pelo 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte.