O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (11/12), em Brasília, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “tem que pagar” pelos crimes que cometeu e classificou como “muito grave” a conduta que levou à condenação do rival político pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Lula, porém, evitou cravar se irá vetar o chamado PL da Dosimetria, que reduz penas de condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, inclusive a de Bolsonaro, e que já passou pela Câmara dos Deputados e agora é analisado pelo Senado.
Presidente Lula disse que Jair Bolsonaro tem que pagar por crimes de cometeu
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Questionado sobre a proposta, Lula afirmou que o tema é, neste momento, uma atribuição do Congresso e indicou que só irá se posicionar formalmente quando o texto chegar ao Palácio do Planalto. O presidente lembrou que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e ressaltou a gravidade do episódio de 8 de janeiro, que classificou como um plano arquitetado para sequestrar o poder após a derrota eleitoral.
O relator do projeto no Senado Federal, Esperidião Amin (PP-SC), não descartou incluir no texto um parágrafo tratando de possível anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 2023, o que deve intensificar o debate político quando a matéria avançar na Casa.
Lula reiterou que só baterá o martelo quando o projeto estiver em sua mesa para sanção ou veto, reforçando que tomará a decisão com base em sua avaliação sobre a responsabilidade de Bolsonaro pela tentativa de golpe e pela ameaça à democracia.
O PL da Dosimetria aprovado na Câmara reduz a pena de 27 anos e três meses aplicada a Jair Bolsonaro para cerca de 20 anos e sete ou oito meses. Hoje, a previsão é que o ex-presidente possa progredir para o regime semiaberto em 23 de abril de 2033 e obter liberdade condicional em 13 de março de 2037.
Com as mudanças previstas no projeto, Bolsonaro ficaria apenas dois anos e três meses em regime fechado antes de migrar para o semiaberto, encurtando de forma significativa o tempo de reclusão em regime mais rigoroso. Para aliados de Lula, essa flexibilização reforça a pressão para que o presidente vete ao menos parte do texto, caso seja aprovado também pelo Senado.
Ao comentar a postura de Bolsonaro após a derrota eleitoral, Lula comparou a conduta do ex-presidente com a de outros partidos que perderam sucessivas disputas presidenciais sem recorrer a ataques às instituições. O petista destacou que, se o adversário tivesse aceitado o resultado das urnas, hoje não estaria preso e poderia disputar as próximas eleições.
Para Lula, a tentativa de “encurtar o caminho” ao poder por meio de um golpe é o que diferencia o comportamento de Bolsonaro do de outros atores políticos que respeitaram as regras democráticas mesmo após derrotas consecutivas nas urnas.
Na mesma entrevista, Lula minimizou a relevância da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciada na semana anterior. Flávio afirmou que foi escolhido pelo pai como nome para a disputa presidencial e, dias depois, declarou que teria “um preço” para desistir da corrida ao Planalto.
Lula citou diversos nomes ventilados na direita para 2026, como governadores, ex-ministros e figuras do bolsonarismo, e ironizou a multiplicidade de possíveis adversários. Segundo ele, a profusão de pré-candidatos sinaliza indecisão e fragilidade desse campo político, que ainda busca um nome competitivo para enfrentar o atual presidente.
Na avaliação do petista, esse cenário revela a percepção, entre seus opositores, de que a disputa de 2026 será difícil. Lula tem reiterado a aliados que, independentemente de quem seja o candidato da direita, sua estratégia será apresentar o confronto como uma escolha entre a continuidade do projeto democrático e as ameaças representadas pelos atos de 8 de janeiro.