Política

Lula diz que Bolsonaro 'tem que pagar' por 8 de janeiro e evita antecipar veto a PL que reduz pena

Em Brasília, presidente classifica como 'muito grave' a conduta que levou à condenação de Bolsonaro, diz que só decidirá sobre PL da Dosimetria quando texto chegar ao Planalto e afirma que 2026 oporá continuidade democrática às ameaças simbolizadas pelos atos de 8 de janeiro

11/12/2025 às 16:27 por Redação Plox

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (11/12), em Brasília, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “tem que pagar” pelos crimes que cometeu e classificou como “muito grave” a conduta que levou à condenação do rival político pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Lula, porém, evitou cravar se irá vetar o chamado PL da Dosimetria, que reduz penas de condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, inclusive a de Bolsonaro, e que já passou pela Câmara dos Deputados e agora é analisado pelo Senado.

Presidente Lula disse que Jair Bolsonaro tem que pagar por crimes de cometeu

Presidente Lula disse que Jair Bolsonaro tem que pagar por crimes de cometeu

Foto: Ricardo Stuckert / PR


Lula evita antecipar veto e diz que decisão será tomada ao final

Questionado sobre a proposta, Lula afirmou que o tema é, neste momento, uma atribuição do Congresso e indicou que só irá se posicionar formalmente quando o texto chegar ao Palácio do Planalto. O presidente lembrou que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e ressaltou a gravidade do episódio de 8 de janeiro, que classificou como um plano arquitetado para sequestrar o poder após a derrota eleitoral.

O relator do projeto no Senado Federal, Esperidião Amin (PP-SC), não descartou incluir no texto um parágrafo tratando de possível anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 2023, o que deve intensificar o debate político quando a matéria avançar na Casa.

Lula reiterou que só baterá o martelo quando o projeto estiver em sua mesa para sanção ou veto, reforçando que tomará a decisão com base em sua avaliação sobre a responsabilidade de Bolsonaro pela tentativa de golpe e pela ameaça à democracia.

Redução de pena e impacto do PL da Dosimetria

O PL da Dosimetria aprovado na Câmara reduz a pena de 27 anos e três meses aplicada a Jair Bolsonaro para cerca de 20 anos e sete ou oito meses. Hoje, a previsão é que o ex-presidente possa progredir para o regime semiaberto em 23 de abril de 2033 e obter liberdade condicional em 13 de março de 2037.

Com as mudanças previstas no projeto, Bolsonaro ficaria apenas dois anos e três meses em regime fechado antes de migrar para o semiaberto, encurtando de forma significativa o tempo de reclusão em regime mais rigoroso. Para aliados de Lula, essa flexibilização reforça a pressão para que o presidente vete ao menos parte do texto, caso seja aprovado também pelo Senado.

Comparações com derrotas passadas e recado a Bolsonaro

Ao comentar a postura de Bolsonaro após a derrota eleitoral, Lula comparou a conduta do ex-presidente com a de outros partidos que perderam sucessivas disputas presidenciais sem recorrer a ataques às instituições. O petista destacou que, se o adversário tivesse aceitado o resultado das urnas, hoje não estaria preso e poderia disputar as próximas eleições.

Para Lula, a tentativa de “encurtar o caminho” ao poder por meio de um golpe é o que diferencia o comportamento de Bolsonaro do de outros atores políticos que respeitaram as regras democráticas mesmo após derrotas consecutivas nas urnas.

Pré-candidaturas da direita e 2026 no horizonte

Na mesma entrevista, Lula minimizou a relevância da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciada na semana anterior. Flávio afirmou que foi escolhido pelo pai como nome para a disputa presidencial e, dias depois, declarou que teria “um preço” para desistir da corrida ao Planalto.

Lula citou diversos nomes ventilados na direita para 2026, como governadores, ex-ministros e figuras do bolsonarismo, e ironizou a multiplicidade de possíveis adversários. Segundo ele, a profusão de pré-candidatos sinaliza indecisão e fragilidade desse campo político, que ainda busca um nome competitivo para enfrentar o atual presidente.

Na avaliação do petista, esse cenário revela a percepção, entre seus opositores, de que a disputa de 2026 será difícil. Lula tem reiterado a aliados que, independentemente de quem seja o candidato da direita, sua estratégia será apresentar o confronto como uma escolha entre a continuidade do projeto democrático e as ameaças representadas pelos atos de 8 de janeiro.

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