O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (11/12), que o avanço dos casos de feminicídio no país está diretamente ligado a um problema de caráter educacional. Ao comentar a escalada da violência contra a mulher, ele sustentou que nenhuma punição aplicada a agressores é capaz de compensar a perda de vidas nem, sozinha, reduzir os índices de crimes contra ex-companheiras.

Ao tratar do tema, Lula reiterou que o aumento de penas, inclusive com a adoção de medidas extremas como a pena de morte, não resolve a questão se não houver uma transformação profunda na forma como meninos e homens são educados ao longo da vida.

Lula relaciona violência a falhas na formação dos homens

Em seu discurso, o presidente reforçou que a responsabilidade pela violência de gênero recai sobre os homens e que a raiz do problema está na maneira como eles aprendem a se relacionar com as mulheres desde cedo. Ele destacou que punições severas, mesmo quando chegam a décadas de prisão, não têm sido suficientes para impedir novas agressões e mortes.

Lula também chamou atenção para a necessidade de repensar a educação no país, sinalizando que, sem um processo educativo consistente voltado ao respeito e à igualdade de gênero, o Brasil continuará a registrar episódios de extrema brutalidade contra mulheres.

Casos recentes de feminicídio e cobrança por mudanças na escola

Para ilustrar sua argumentação, o presidente citou casos recentes de violência contra a mulher, entre eles o de uma vítima de 31 anos atropelada e arrastada por mais de um quilômetro em São Paulo, em 29 de novembro. A mulher teve as duas pernas amputadas, e o autor do crime, um ex-companheiro, foi preso.

Nesse contexto, Lula questionou qual punição seria suficiente para crimes dessa natureza e observou que nem mesmo a morte do agressor seria capaz de reparar o dano causado à vítima. Segundo ele, há uma inversão no processo educacional brasileiro, o que reforça a necessidade de mudanças estruturais na formação de crianças e jovens.

Em sua fala, o presidente dirigiu-se à ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, defendendo que temas relacionados à violência de gênero sejam incorporados ao currículo escolar, para que o respeito às mulheres faça parte da formação básica dos estudantes.

É muito importante a criança aprender que Cabral descobriu o Brasil, mas é mais importante ela aprender que tem que respeitar a mãe, as irmãs e a mulher quando casar.Lula