Economia

Salário mínimo vai a R$ 1.621 em 2026

Novo piso nacional, que ainda depende de decreto de Lula, sobe R$ 103 e passa a valer em 1º de janeiro de 2026, impactando 59,9 milhões de pessoas e adicionando cerca de R$ 43,2 bilhões em despesas federais

11/12/2025 às 05:57 por Redação Plox

O salário mínimo nacional será de R$ 1.621 a partir de 1º de janeiro de 2026, um aumento de R$ 103 em relação aos atuais R$ 1.518.

O novo valor ficou abaixo do previsto no Orçamento de 2026, que estimava um piso de R$ 1.631, e também inferior à projeção feita pelo próprio governo no fim de novembro, de R$ 1.627.

A diferença se deve ao fato de que a inflação, um dos principais indicadores usados no cálculo do mínimo, veio menor do que o esperado.

Para ter validade, o novo valor ainda precisa ser oficializado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de decreto presidencial.

O reajuste começa a valer em 1º de janeiro de 2026. Na prática, quem recebe salário mínimo (ou múltiplos dele) e benefícios atrelados a esse piso, como seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC), passa a ter o novo valor creditado no início de fevereiro.


Salário mínimo sobe para R$ 1.621 em 2026

Salário mínimo sobe para R$ 1.621 em 2026

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

O que é o salário mínimo e qual sua função

O salário mínimo é a menor remuneração que um trabalhador formal pode receber no país. Ele é um parâmetro central da política trabalhista e social brasileira, usado como referência para vencimentos, benefícios e programas de transferência de renda.

A Constituição determina que trabalhadores urbanos e rurais têm direito a um salário mínimo fixado em lei, unificado nacionalmente e capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que preservem o poder de compra.

Segundo o Dieese, para garantir a manutenção de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo necessário em novembro deste ano teria sido de R$ 7.067,18, o equivalente a 4,66 vezes o piso nacional de R$ 1.518 vigente em 2024.

Pela própria Constituição, o salário mínimo deve ser reajustado ao menos pela inflação, para preservar o chamado “poder de compra”. Assim, se a inflação acumulada é de 10%, o piso deve subir pelo menos 10% para que seja possível adquirir, em média, a mesma cesta de bens e serviços.

Nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, a correção seguiu estritamente esse critério: os reajustes repuseram apenas a inflação, sem aumento real.

No atual mandato de Lula, a política de valorização do salário mínimo voltou a conceder reajustes acima da inflação, com ganhos reais para o trabalhador.

Diante do impacto dessa política sobre as contas públicas, uma parte dos economistas defende que o piso dos benefícios previdenciários deixe de ser vinculado ao salário mínimo e volte a ser corrigido somente pela inflação, como forma de conter o avanço da dívida pública e, por consequência, a pressão sobre os juros cobrados do setor produtivo.

Quantas pessoas são afetadas pelo salário mínimo

De acordo com nota técnica divulgada em janeiro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo serve de referência para 59,9 milhões de pessoas no Brasil.

Além dos trabalhadores com carteira assinada que recebem um salário mínimo (ou múltiplos dele), o piso nacional é usado como base para aposentadorias e benefícios como o BPC.

O valor do mínimo também tem efeitos indiretos na economia ao elevar o salário médio dos brasileiros e ampliar o poder de compra dos trabalhadores, influenciando o consumo e a atividade econômica.

Como o governo chegou ao valor de R$ 1.621

Se cumprisse apenas a regra constitucional de correção pela inflação, o governo poderia reajustar o salário mínimo de R$ 1.518 para algo em torno de R$ 1.582.

Esse cálculo considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro, de 4,18%.

Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu retomar a política de valorização do salário mínimo, o que significa aumentos acima da inflação. Em 2023, o Congresso aprovou uma medida provisória que incorporou essa diretriz à legislação.

Pela nova regra então aprovada, o reajuste do piso passou a considerar dois fatores:

– a inflação medida pelo INPC até novembro, conforme previsto na Constituição;
– o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.

Nesse modelo, o salário mínimo de 2026 subiria pela inflação de 4,18% registrada no INPC, somada ao crescimento do PIB de 2024, estimado em 3,4%, o que levaria o valor a R$ 1.636.

Em dezembro do ano passado, porém, foi aprovada uma lei que limitou o aumento real do mínimo (isto é, acima da inflação) a 2,5%, em linha com o teto de crescimento de despesas previsto no arcabouço fiscal.

Com isso, o cálculo passou a combinar a inflação acumulada em 12 meses até novembro de 2025, de 4,18%, com um ganho real limitado a 2,5%. O resultado é o novo valor de R$ 1.621 para o salário mínimo em 2026.

Impacto do reajuste nas contas públicas

Todo aumento do salário mínimo eleva automaticamente a despesa do governo federal, já que benefícios previdenciários, o abono salarial, o seguro-desemprego e outros pagamentos não podem ser inferiores ao piso nacional.

De acordo com estimativas do próprio governo, cada R$ 1 de aumento no salário mínimo gera, em 2026, uma despesa adicional de aproximadamente R$ 420 milhões.

Assim, o reajuste de R$ 103 previsto para o próximo ano representa um acréscimo de cerca de R$ 43,2 bilhões nas despesas obrigatórias.

Esse movimento torna o salário mínimo um dos principais motores de crescimento do gasto obrigatório. Quanto maior o piso, menor a folga para despesas discricionárias — os chamados gastos “livres” do governo, que financiam políticas públicas, investimentos e programas que não são determinados por lei.

Na prática, o aumento do mínimo fortalece a renda de milhões de brasileiros, mas pressiona o orçamento federal e reduz o espaço para novas ações em outras áreas.
Informações relatadas pelo portal G1.

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