Carne, café e açúcar sobem e intensificam inflação em 2025

Produtos essenciais enfrentam alta devido a pressões climáticas, cambiais e produtivas, alertam analistas.

Por Plox

12/01/2025 09h39 - Atualizado há 6 meses

A alta nos preços de carnes, café e açúcar já desponta como uma das maiores preocupações econômicas para 2025, com reflexos diretos na inflação de alimentos e na capacidade de consumo das famílias brasileiras. Segundo analistas, esses produtos devem ser os maiores responsáveis por pressionar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), afetando tanto a cesta básica quanto a política monetária.

Pressão crescente sobre carnes e proteínas

O principal vetor da inflação alimentar neste ano será o aumento no preço das carnes. Gabriela Faria, economista especializada em agropecuária da Tendências Consultoria, estima uma alta de 16,6% no valor pago ao produtor, refletindo diretamente no preço final para a indústria e o consumidor. Segundo ela, "a inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes", destacando o papel central desse item na composição dos índices inflacionários.

Além disso, outros produtos derivados de proteínas, como leite, também apresentam risco inflacionário, com custos influenciados por variações climáticas e aumento dos insumos.

Café e açúcar: produção limitada e preços altos

O café e o açúcar se consolidam como outros grandes vilões da inflação alimentar. A produção limitada desses itens gera expectativas de preços recordes, ainda mais considerando que, segundo Cesar de Castro Alves, gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, as recentes altas do café ainda não foram totalmente repassadas ao varejo, abrindo margem para novos aumentos.

Os impactos podem ser agravados por desafios climáticos, como secas e chuvas irregulares, que atingiram as lavouras no último ano, atrasando o desenvolvimento pleno das culturas.

Grãos e hortifrútis: estabilidade e riscos climáticos

Enquanto grãos como soja e milho devem manter estabilidade nos preços, segundo analistas, hortaliças, frutas e verduras estão mais suscetíveis às oscilações climáticas. Após a seca histórica de 2024, o acumulado de chuvas nos próximos dois meses será crucial para garantir a recuperação das lavouras.

Alves destaca que, caso ocorra perdas significativas nas produções de hortifrútis, os impactos inflacionários podem ser momentaneamente ampliados, mesmo que a recuperação das culturas seja rápida.

Câmbio e incertezas fiscais: fatores agravantes

José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da MB Agro, enfatiza o papel do câmbio na pressão inflacionária. Com o dólar podendo ultrapassar R$ 6, os preços de produtos agrícolas e importados tendem a subir, forçando medidas monetárias mais restritivas, como a manutenção de juros altos.

Ele também aponta a instabilidade fiscal como um agravante. “Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, o que gera incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre a inflação”, afirma Hausknecht.

Impactos nos índices e política monetária

Os dados mais recentes do IBGE reforçam a preocupação: o grupo de alimentos e bebidas registrou alta de 1,47% em dezembro, elevando o IPCA-15 para 0,34% no mês. A Tendências Consultoria projeta um aumento de 9,1% no IPCA alimentos em 2024 e de 6,2% para 2025, com tendência de alta.

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