Alexandre de Moraes critica big techs e ironiza acusações: 'Não sou comunista'
Ministro do STF reforça críticas à falta de regulação das gigantes da tecnologia e alerta para influência econômica e política das empresas
Por Plox
12/03/2025 07h23 - Atualizado há 4 dias
Durante uma aula magna na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Brasília, nesta terça-feira (11), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reforçou suas críticas à atuação das grandes empresas de tecnologia. Em um tom irônico, o magistrado respondeu a especulações sobre sua posição ideológica e rebateu a falta de regulamentação do setor.

\"A mentalidade das big techs retornou ao mercantilismo da Companhia das Índias Orientais, de 1600, abandonou qualquer pudor capitalista. E, diferentemente do que dizem, não sou comunista. Não é possível que acreditem nisso\", afirmou Moraes. O ministro destacou que essas empresas \"querem lucrar e não querem ser responsabilizadas\".
O Supremo Tribunal Federal tem adotado medidas mais rígidas em relação ao controle das plataformas digitais, o que gerou embates com representantes das big techs. No ano passado, a Corte determinou a suspensão da operação da rede social X no Brasil, em um dos casos mais emblemáticos da disputa.
Moraes enfatizou que não há necessidade de criação de novas leis para regulamentar as plataformas, bastando a aplicação das normas já existentes. \"Não podemos acreditar que as big techs são neutras. Elas não são neutras, elas têm lado, têm posição econômica, ideológica, política e religiosa\", pontuou.
Segundo o ministro, a disseminação de desinformação nas redes sociais tem sido uma ferramenta para desestabilizar a democracia e atacar o STF. \"As big techs fizeram uma verdadeira lavagem cerebral na sociedade, tanto é que há síndrome de abstinência\", disse. \"Passaram a falsear os fatos\", acrescentou.
Ele também alertou sobre os impactos das regulamentações aprovadas na União Europeia, que podem influenciar outros países, incluindo o Brasil. \"Essas empresas perceberam que a União Europeia aprovou leis que os outros países vão aprovar. E a regulamentação vai começar. Esse é um perigo que venho alertando. Por enquanto, conseguimos manter nossa soberania, nossa jurisdição\", avaliou Moraes.
Em relação às críticas sobre as punições aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, Moraes ironizou o discurso de pacificação adotado por alguns setores políticos. \"Já saí do TSE, já ocorreu outra eleição, mas às vezes estou no clube e alguém me para e diz que é preciso pacificar o país. Logo o PCC também vai falar que quer pacificar o país. Quem quer ficar imune sempre fala em pacificar o país\", afirmou.
O posicionamento firme de Alexandre de Moraes contra as grandes plataformas digitais e sua defesa da regulação do setor seguem gerando debates sobre a responsabilidade das empresas e os limites da liberdade digital no Brasil.