Crescem as fraudes no Pix e média mensal passa de 390 mil casos em 2024
Volume de golpes aumenta com popularização do sistema; apenas em janeiro deste ano, mais de 324 mil notificações foram confirmadas
Por Plox
12/04/2025 14h34 - Atualizado há 7 dias
O sistema de pagamentos instantâneos Pix tem registrado uma crescente preocupante no número de fraudes notificadas. De acordo com dados do Banco Central, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, as instituições participantes têm reportado, em média, mais de 390 mil casos de fraude por mês em 2024.

Somente em janeiro de 2025, foram contabilizadas 324.752 notificações de fraude aceitas pelas instituições envolvidas no sistema. Esse aumento está em linha com a expansão do uso do Pix. No primeiro ano completo do sistema, em 2021, foram registradas 30.892 fraudes mensais. Já em 2022, esse número saltou para 136.882 e, em 2023, alcançou 216.046. Ainda assim, o volume de fraudes representa apenas 0,007% do total de transações realizadas desde abril de 2023 — sendo que, em janeiro deste ano, o Pix movimentou cerca de 5,682 bilhões de transações.
Essas notificações tratam de solicitações de devolução ou cancelamento de devoluções de valores transferidos, baseadas em suspeitas fundamentadas de fraude. Apenas os registros considerados procedentes, ou seja, analisados e aceitos pelas instituições, entram na conta. Conforme o manual do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), são considerados casos de fraude aqueles em que o usuário foi enganado por golpes, não reconhece a transação, não autorizou o pagamento ou foi coagido a realizá-lo.
Para conter a escalada dessas ocorrências, o Banco Central tem promovido mudanças nas ferramentas de segurança. A partir de outubro deste ano, será lançado um sistema de autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), que permitirá ao próprio cliente pedir a devolução de valores em casos de fraudes, sem depender exclusivamente do contato com os bancos. Além disso, desde 2021, já foram adotadas medidas como limite noturno de transferências, cadastro prévio de contas para valores acima do limite e tempo mínimo para aumento do teto de transações.
Em 2022, uma grande fiscalização sobre a abertura de contas digitais foi realizada, focando especialmente no combate às contas-laranja usadas para movimentar recursos ilícitos por meio do Pix. Como desdobramento, criou-se um sistema de compartilhamento de dados sobre fraudes que ultrapassa o próprio Pix.
Mais recentemente, no final de 2024, o Banco Central definiu que transferências via Pix feitas de dispositivos não cadastrados junto ao banco têm agora um limite máximo de R$ 200 por transação e um teto diário de R$ 1.000. Já em dispositivos cadastrados, os valores permitidos são maiores.
O setor financeiro, no entanto, defende ações mais severas. Entre as propostas discutidas, está o banimento por cinco anos de usuários que cedem contas para movimentações fraudulentas — com exceção para recebimentos de salários e benefícios governamentais. Outra sugestão envolve responsabilizar individualmente dirigentes de instituições com alta incidência de fraudes, o que, segundo executivos, impulsionaria melhorias nos sistemas internos de segurança.