Associações forjavam mortes para lavar milhões do INSS, diz PF

Investigações revelam que entidades simulavam óbitos de aposentados com auxílio de funerária no Ceará para movimentar dinheiro de forma ilícita

Por Plox

12/05/2025 13h27 - Atualizado há cerca de 20 horas

A Polícia Federal revelou um esquema de desvio milionário envolvendo duas associações de aposentados no Ceará que, segundo as investigações, forjaram mortes de beneficiários do INSS para lavar dinheiro.


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De acordo com o relatório da PF, a Caap (Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas) e a Aapen (Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional) transferiram quantias elevadas para a funerária Global Planos Funerários, que não prestava serviços funerários aos seus associados. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações de R$ 34 milhões da Caap e R$ 2,3 milhões da Aapen para essa empresa.



Apesar de não oferecerem planos funerários, as duas entidades realizaram os repasses entre 2022 e 2024. Se considerarmos o custo médio de um serviço funerário no estado, que gira em torno de R$ 4 mil, os valores indicariam a realização de mais de 8 mil enterros nesse período — uma média de 19 por dia. No entanto, o número de associados das entidades permaneceu estável, o que levanta suspeitas sobre a veracidade dos óbitos declarados.



José Lins Neto, apontado como dono da funerária, já foi presidente da Caap e mantinha vínculos com a Aapen. Os repasses à Global começaram apenas dois meses após a Caap firmar acordo com o INSS para efetuar descontos diretamente na folha dos aposentados. Durante o mesmo período, a funerária também repassou R$ 12 milhões para a Clínica e Laboratório Máxima Saúde Ltda, empresa que tem como sócio o genro da tesoureira da Aapen, Maria Luzimar Rocha Lopes. Segundo o Coaf, Maria ainda teria recebido R$ 700 mil em transações consideradas suspeitas.


\"Mesmo com a suposta alta de mortes, o número de associados permaneceu inalterado, o que reforça as evidências de fraude\", destaca o relatório da PF

As autoridades federais determinaram buscas nas sedes da Caap e da Aapen, além de bloquearem aproximadamente R$ 150 milhões da Caap e da funerária, e mais de R$ 200 milhões da Aapen. O CNPJ da funerária foi encerrado pela Receita Federal em abril, 23 dias antes de se tornar alvo da operação da PF.



As investigações seguem em curso para aprofundar as conexões entre os envolvidos e identificar todos os beneficiados pela fraude milionária.


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