Desmate atinge unidades protegidas e ameaça Mata Atlântica em Minas
Estado é responsável por 40% da devastação registrada em áreas de preservação no Brasil e teve a terceira maior perda de floresta em 2024
Por Plox
12/05/2025 11h19 - Atualizado há 1 dia
Nem mesmo as áreas protegidas têm sido suficientes para barrar o avanço do desmatamento da Mata Atlântica em Minas Gerais. O estado figura como o terceiro que mais devastou o bioma em 2024, com uma perda total de 2.737 hectares, conforme revelado pelo Atlas da Mata Atlântica, divulgado nesta segunda-feira (12/05).

O levantamento, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra que Minas foi responsável por 40% de toda a devastação ocorrida dentro de Unidades de Conservação (UCs) no Brasil — o que corresponde a 124 dos 310 hectares destruídos nesse tipo de área. O principal foco da devastação entre as UCs mineiras foi a Área de Proteção Ambiental (APA) do Alto do Mucuri, que perdeu 65 hectares. Na sequência, aparece o Parque Estadual Rio Corrente, com 45 hectares a menos.
Outras perdas significativas ocorreram na APA da Serra do Sabonetal, com 10 hectares, e na APA Sul da Região Metropolitana de BH, que perdeu 4 hectares de floresta. Entre todas as unidades do país, a que mais sofreu foi o Parque Nacional da Serra da Bocaina, entre São Paulo e Rio de Janeiro, com 68 hectares desmatados.
Ainda segundo o Atlas, apesar do alto número, houve uma queda de 14% no desmatamento em Minas em comparação com 2023, quando o estado registrou a destruição de 3.193 hectares. O estudo leva em consideração apenas áreas de floresta madura com mais de três hectares. Nacionalmente, a redução foi de apenas 2%, com um total de 14.366 hectares devastados em 2024.
Três municípios do norte mineiro — São João do Paraíso, Águas Vermelhas e Ninheira — aparecem entre os 20 que mais desmataram a Mata Atlântica em todo o Brasil. O primeiro perdeu 223 hectares e ficou em 11º lugar no ranking. Já Águas Vermelhas teve 193 hectares desmatados, e Ninheira, 165 hectares.
Mesmo com o alerta, a devastação continua atingindo regiões quase totalmente inseridas no bioma. Em São João do Paraíso, 99% do território está dentro dos limites legais da Mata Atlântica, mas apenas 10% ainda é coberto por vegetação nativa. Águas Vermelhas e Ninheira, cujos territórios pertencem 100% ao bioma, mantêm apenas 25% e 10% da cobertura original, respectivamente.
Com 17% de todo o bioma nacional, Minas é o estado com maior porção da Mata Atlântica no país — cerca de 2,8 milhões de hectares, seguido por São Paulo (2,3 milhões) e Paraná (2,3 milhões). Mesmo com essa responsabilidade ambiental, segue entre os maiores vetores de destruição da vegetação.
A publicação do Atlas reitera a importância da preservação e do fortalecimento das políticas públicas ambientais, especialmente nas áreas que, em tese, deveriam estar sob proteção integral contra desmatamentos.