Durante governo Lula, arrecadação de associações do INSS salta 253% e levanta suspeitas

Entidades com convênios com o INSS aumentaram arrecadação de R$ 702 milhões para R$ 2,5 bilhões em dois anos, motivando investigações da PF e CGU

Por Plox

12/05/2025 13h35 - Atualizado há 1 dia

Um salto de 253% na arrecadação de associações com convênios com o INSS em apenas dois anos despertou o alerta das autoridades federais. Em 2022, essas entidades receberam R$ 702 milhões. Já em 2024, esse montante saltou para aproximadamente R$ 2,5 bilhões.


Imagem Foto: Reprodução


A disparada nos valores levou a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal a iniciarem uma operação para apurar possíveis fraudes envolvendo descontos feitos diretamente nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas. A investigação aponta que das 31 associações conveniadas, 11 foram responsáveis por 84,6% do total arrecadado em 2023, somando cerca de R$ 1,3 bilhão.



Dentre essas 11, apenas duas já atuavam com descontos desde 2016 — ano em que o suposto esquema teria começado — sendo elas o Sindnapi, que tem como vice-presidente o Frei Chico (irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), e a Contag. As demais iniciaram os descontos posteriormente, três delas apenas a partir de 2023.



Com base em visitas a sedes das associações, entrevistas com beneficiários e análise de solicitações de cancelamento de descontos, a CGU recomendou ao INSS a suspensão imediata dos contratos de oito entidades: Unaspub, Ambec, AAPB, CBPA, Conafer, ABSP/Aapen, Sindnapi/FS e AAPPS Universo. A direção do INSS, no entanto, não acatou as recomendações ao longo de 2024.



Somente após a deflagração da Operação Sem Desconto, os contratos das 11 associações mais envolvidas foram suspensos por ordem judicial. Na sequência, o governo federal determinou o cancelamento de todos os convênios desse tipo no INSS. As investigações identificaram um esquema nacional de descontos associativos não autorizados, que drenou cerca de R$ 6,3 bilhões dos benefícios entre 2019 e 2024.



Como consequência do escândalo, houve mudanças na cúpula da Previdência: o ministro Carlos Lupi foi demitido e Alessandro Stefanutto deixou o comando do INSS. Em seus lugares assumiram, respectivamente, Wolney Queiroz — antes o número dois da pasta — e Gilberto Waller Júnior.


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