Italiano é processado por acusar brasileira de pertencer a seita que engravida para extorquir europeus
Empresário afirmou à imprensa que gravidez foi resultado de rituais e orgias; brasileira nega e Justiça brasileira investiga por calúnia e difamação
Por Plox
12/05/2025 10h53 - Atualizado há 3 dias
As acusações feitas por um empresário italiano contra uma brasileira vêm gerando repercussão internacional e ações na Justiça brasileira. Nunzio Bevilacqua, residente em Roma, afirmou publicamente que foi vítima de um suposto esquema no Brasil envolvendo rituais, seitas e engravidamentos fraudulentos com fins de extorsão.

Segundo Bevilacqua, a gravidez de Bárbara Zandomênico, com quem ele teve um relacionamento, teria sido fruto de \"orgias e ritos satânicos\". A denúncia do italiano ganhou espaço em abril de 2024, quando a emissora estatal italiana RAI publicou manchetes como \"Italiano vítima de magia e extorsão no Brasil\" e \"inventam-se falsas paternidades para arrancar dinheiro\".

Bárbara, professora de português, conheceu Nunzio em 2021, em Tubarão (SC), durante uma viagem dele ao Brasil. Pouco tempo depois, ela descobriu estar grávida. Nunzio retornou à Itália, mas pediu que a brasileira fosse para lá. Ela preferiu ficar em Santa Catarina, próxima à família. Dois meses antes do nascimento da criança, ele propôs não participar da criação da filha, nem registrá-la ou oferecer ajuda financeira. Bárbara recusou: \"A gente precisa fazer o que é certo: registrar, acertar convivência, acertar pensão\".
A menina nasceu em julho de 2022. O empresário veio ao Brasil e realizou um teste de DNA em São Paulo, que confirmou a paternidade. Após a Justiça negar um segundo exame, Bevilacqua passou a divulgar na imprensa italiana uma narrativa alegando a existência de uma organização criminosa no Brasil formada por mulheres que engravidavam com o objetivo de obter pensões de europeus.
Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, Bárbara afirmou: \"Ele criou uma narrativa como se no Brasil tudo fosse possível. Uma seita religiosa, em que as mulheres engravidam de um santo por meio de fertilização. Depois, se não der certo, as crianças são vendidas\". Ela nega qualquer envolvimento em seita ou golpe: \"Não existiu golpe de nenhum tipo. Existia um relacionamento que não deu certo, e desse relacionamento existe uma criança — que é saudável, minha filha, filha dele\".
O caso repercutiu ainda mais quando uma equipe de reportagem italiana veio ao Brasil, registrando imagens de Bárbara e da filha. A Justiça brasileira instaurou um processo criminal contra Bevilacqua para apurar possíveis crimes de calúnia, difamação e perseguição. Medidas protetivas foram concedidas a Bárbara, impedindo que o empresário se aproxime dela e de seus familiares caso venha ao Brasil.
Até o momento, o Ministério Público de Santa Catarina e o Itamaraty não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. A defesa do italiano também não foi localizada pela reportagem.