Médicas são indiciadas após morte de bebê durante parto em hospital no ES
Bebê morreu uma hora após nascimento em Aracruz; família acusa equipe de negligência por insistência em parto normal
Por Plox
12/05/2025 08h20 - Atualizado há 1 dia
Duas médicas, de 34 e 43 anos, foram indiciadas pela Polícia Civil por homicídio culposo após a morte de um recém-nascido, apenas uma hora após o parto. O caso aconteceu no Hospital São Camilo, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, e está sendo investigado pelas autoridades após a família registrar um Boletim de Ocorrência.

O bebê, chamado Heitor Rossi de França, morreu em 28 de dezembro do ano passado. Os pais, Isabelly Rossi Nascimento, de 18 anos, e Israel de França de Jesus, de 21, deram entrada na unidade hospitalar na noite anterior, dia 27. Segundo eles, o parto normal foi imposto pela equipe médica, apesar da solicitação da família por uma cesariana. A equipe do hospital alegou seguir a recomendação do médico responsável pelo pré-natal, que já havia apontado que Isabelly poderia não ter condições anatômicas para realizar um parto natural.
Durante o procedimento, conforme relatado pelo casal, foi utilizado um fórceps obstétrico, equipamento que funciona como um extrator a vácuo, com o intuito de concluir o parto normal. A tentativa, porém, resultou em complicações. Heitor sofreu traumatismo craniano e hemorragia, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que confirmou essas lesões como causa da morte.
O pai da criança relembra com detalhes a madrugada em que tudo aconteceu. Israel relatou que, após horas de espera, a esposa foi finalmente levada para a sala de parto. “Fazia um barulho, parecido com o estouro de uma champanhe, e saía muito sangue. Eu avisei à médica: ‘Moça, vai machucar minha esposa e meu filho’. Ela respondeu: ‘Não, pai, isso aqui é um procedimento padrão’”, contou. Pouco depois, a equipe decidiu realizar uma cesariana. Heitor chegou a nascer com vida, chorou e abriu os olhos, mas seu estado rapidamente piorou.
"O menino nasceu, chorou, abriu os olhos. Após cortarem o cordão umbilical, a médica ficou preocupada, começou a chamar ajuda para que chamassem todos os médicos do hospital, e me pediram para sair da sala", recordou o pai.
O hospital, na época, afirmou que estava disponível para prestar os devidos esclarecimentos. Já o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRMES) informou a abertura de uma sindicância para apurar os fatos.
O corpo do bebê foi encaminhado inicialmente ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), ligado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mas a equipe avaliou que o local não era o adequado. Assim, o corpo foi transferido para o IML de Vitória, onde exames constataram as lesões que resultaram na morte.
A dor da família se transforma agora em luta por justiça. “Estava tudo certo com a minha esposa e meu filho nos exames. E nós vamos acionar a Justiça. A gente quer justiça pelo meu filho”, declarou Israel, emocionado.