Aumento alarmante de mortes por Dengue em Minas Gerais
"Há um certo relaxamento nas condutas de prevenção e, só agora, nos últimos dias, que podemos estar contando com o inverno", alerta o infectologista
Por Plox
12/07/2023 07h20 - Atualizado há quase 2 anos
Nas últimas duas semanas, Minas Gerais enfrentou um aumento alarmante nas mortes por dengue. De acordo com os registros, 17 vítimas fatais foram contabilizadas, elevando a contagem total de óbitos no ano para 139. Esse índice revela um crescimento de 363,3% em comparação ao ano anterior, 2022, quando apenas 30 mortes foram registradas.

Preocupação com o relaxamento das medidas de prevenção
Enquanto o inverno normalmente resulta em uma queda no número de casos de dengue, os especialistas estão preocupados com um fenômeno recente: a complacência em relação às medidas de prevenção contra o Aedes aegypti, mosquito vetor da doença. O infectologista Estevão Urbano relata que, apesar do avanço das frentes frias, que diminuem a capacidade de reprodução do mosquito, as pessoas estão cada vez mais negligenciando a prevenção. "Há um certo relaxamento nas condutas de prevenção e, só agora, nos últimos dias, que podemos estar contando com o inverno", alerta Urbano.

As cidades mais atingidas
As recentes mortes devido à dengue ocorreram em oito municípios mineiros: Belo Horizonte, Estrela do Sul (Alto Paranaíba), Itaú de Minas (Sul), João Pinheiro (Noroeste), Paracatu (Noroeste), Patos de Minas (Alto Paranaíba), Piumhi (Centro-Oeste) e Uberlândia (Triângulo). De todas essas cidades, Uberlândia apresenta a maior mortalidade, com um total de 12 mortes desde o início do ano.
Belo Horizonte enfrenta o mesmo desafio
De acordo com o último relatório epidemiológico divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte, 8.943 pessoas já foram infectadas pela dengue, resultando na morte de sete indivíduos. Este número contrasta marcadamente com os dados anteriores. Em 2020, eram 4.009. Em 2021, 673. Em 2019, o número chegou a 59.985 casos de dengue, apenas até a primeira semana de julho. O professor da UFMG e presidente da Associação Brasileira de Virologia, Flávio da Fonseca, observa que essas epidemias de dengue são esperadas e cíclicas, ocorrendo desde o primeiro caso registrado no país, em 1980.
Medidas de combate em Belo Horizonte
Em resposta ao surto, a administração municipal de Belo Horizonte está empenhada em intensificar as medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, que incluem vistorias em imóveis, educação sobre os riscos de acúmulo de água e diretrizes para eliminar possíveis focos. Este ano, até 30 de junho, mais de 2,7 milhões de vistorias foram realizadas.
Além da dengue
As autoridades de saúde estão igualmente preocupadas com outras arboviroses. Em Belo Horizonte, foram registrados 4.276 casos de chikungunya até o dia 7, enquanto 43 casos de zika foram notificados, porém nenhum confirmado até a mesma data. A professora do Departamento de Microbiologia da UFMG, Jordana Coelho dos Reis, lembra que as arboviroses são um grupo de doenças causadas por diferentes vírus, transmitidos por mosquitos, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Ela ressalta que o controle de tais doenças foi melhor antes da pandemia da COVID-19, porém, com as campanhas de saúde voltadas para o combate ao coronavírus, houve um relaxamento no controle dos vetores de arboviroses.