Google mantém anúncios políticos no Brasil, apesar de proibição declarada

Embora o Google tenha declarado que não permitiria mais anúncios políticos no Brasil a partir de 1º de maio devido às novas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a realidade parece contradizer essa afirmação. Uma investigação do NetLab da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que pelo menos sete pré-candidatos a vereador e a prefeito continuam comprando e veiculando anúncios políticos no Google e no YouTube até a semana passada.

Novas regras do tse

Em fevereiro, o TSE determinou que todas as plataformas de internet que comercializam anúncios políticos ou eleitorais deveriam manter permanentemente uma biblioteca com informações detalhadas sobre esses anúncios, incluindo alcance e valor. A Meta, que possui o Facebook e o Instagram, já segue essa diretriz e mantém um repositório de anúncios conforme exigido.

Google responde às críticas

Em nota, o Google reafirmou seu compromisso com a integridade das eleições e declarou que não mais permite "conteúdo político-eleitoral em anúncios no Brasil, tendo em vista a entrada em vigor das resoluções eleitorais para 2024." A empresa também disse que usa sistemas automatizados e manuais para detectar e remover anúncios que violam suas políticas, oferecendo ainda canais de denúncia para possíveis violações.

Pré-candidatos driblam proibição

Os pré-candidatos, entretanto, estão encontrando maneiras de contornar a proibição. Alexandre Braga dos Santos, empresário e pré-candidato à Prefeitura de Senador Canedo, em Goiás, pelo partido Agir, veiculou pelo menos 13 anúncios nas plataformas do Google após a proibição. Em um dos anúncios, ele promete construir um hospital na cidade. Rafael Ottaiano, do Podemos, também veiculou anúncios promovendo soluções para problemas em Vitória, onde é pré-candidato a vereador.

Falta de transparência

Marie Santini, diretora do NetLab, criticou a falta de transparência do Google em relação à publicidade política no Brasil. "O Google está se recusando a implementar mecanismos de transparência para a publicidade política no Brasil, mas segue vendendo o serviço no país", afirmou Santini. Ela argumenta que, se o Google não consegue impedir completamente a veiculação de anúncios políticos, deveria ao menos seguir as exigências de transparência do TSE.

Necessidade de verificação dos anunciantes

O Google mencionou que todos os anunciantes precisam passar por um processo de verificação, mas isso nem sempre ocorre antes que os anúncios sejam veiculados. Apenas anunciantes verificados são listados no repositório geral de anúncios no Brasil, deixando um espaço para falta de transparência em relação a anúncios pagos por anunciantes não verificados.