Homem matou namorada trans para não assumir relacionamento, diz Polícia

O corpo ainda não foi localizado e buscas seguem com apoio de cães e drones

Por Plox

12/07/2025 10h57 - Atualizado há cerca de 23 horas

A Polícia Civil de São Paulo investiga como feminicídio o desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 25 anos, vista pela última vez em (12/06) após sair do campus da Unesp em Ilha Solteira, onde cursava zootecnia. Mesmo sem o corpo da vítima ter sido localizado, os investigadores afirmam já ter elementos que comprovam o assassinato. Dois suspeitos foram presos: o namorado da jovem, Marcos Yuri Amorim, e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira.


Imagem Foto: Redes Sociais


Pressão para assumir relação e dossiê teriam motivado o crime

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Miguel Rocha, Carmen teria pressionado Marcos para tornar público o relacionamento, o que teria motivado o crime. A jovem teria também reunido informações que comprometeriam o namorado, formando um “dossiê” que conteria indícios de furtos e outras práticas ilícitas atribuídas a ele. Segundo a investigação, isso teria aumentado ainda mais o temor de exposição por parte de Marcos.


O assassinato teria ocorrido no próprio Dia dos Namorados, (12/06), com o apoio do PM da reserva Roberto Carlos, que também mantinha um envolvimento amoroso com Marcos Yuri. A polícia descreve o militar como comparsa do principal suspeito, além de ser o responsável por custear suas despesas.


Vítima foi vista entrando na casa do namorado, mas não saindo

Carmen foi até a universidade naquele dia para realizar uma prova e, ao sair do campus em uma bicicleta elétrica preta, seguiu até a residência de Marcos, localizada em um assentamento no município de Ilha Solteira, a cerca de 674 km da capital paulista. Imagens de câmeras de segurança mostram a entrada da estudante no local, mas não registram sua saída.


Para avançar na investigação, a Justiça autorizou a quebra do sigilo telefônico de Carmen e dos dois suspeitos. Segundo a análise dos dados, não há registro de deslocamento da vítima para fora da cidade. As buscas pelo corpo continuam com apoio de cães farejadores e drones, concentradas nas proximidades da casa de Marcos.


Polícia e defesa

Ambos os suspeitos já prestaram depoimento e negam envolvimento no desaparecimento de Carmen. A defesa de Roberto Carlos declarou ao UOL que ele é inocente e provará não ter cometido os crimes dos quais é acusado. A defesa de Marcos Yuri ainda não foi localizada pela reportagem, mas o espaço permanece aberto para manifestação.


Comunidade universitária abalada

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) divulgou uma nota pública se solidarizando com familiares e amigos da estudante e afirmou que está colaborando com as investigações. A instituição repudiou qualquer tipo de violência e reafirmou seu compromisso com a vida e a dignidade humana. Estudantes da Unesp também se manifestaram nas redes sociais pedindo a expulsão de Marcos Yuri, que também é aluno do curso de zootecnia, mas até o momento a universidade não se posicionou sobre essa demanda.


Clamor por justiça

O pai da jovem, Gerson, usou as redes sociais para fazer um apelo. "Precisamos do corpo, ou de onde que ela esteja, para a gente ficar em paz", declarou. Ele também pediu que os responsáveis sejam punidos: "Que punam as pessoas que fizeram essa brutalidade com ela".


As investigações seguem em andamento, com foco na localização do corpo de Carmen e no aprofundamento das motivações e circunstâncias do crime.

Destaques