Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto morre aos 96 anos, em São Paulo

Além de seu papel como ministro, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979) e assumiu a Secretaria de Planejamento em 1979

Por Plox

12/08/2024 07h30 - Atualizado há 5 meses

O ex-ministro da Fazenda e economista Delfim Netto, que teve papel durante a Ditadura Militar, morreu em São Paulo nesta segunda-feira, 12. Delfim Netto estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, devido a complicações em seu estado de saúde. Ele deixa sua esposa, Gervásia Diório, uma filha, Fabiana Delfim, e um neto, Rafael.

Foto: Reprodução/Redes Sociais 

Influência política e econômica durante a Ditadura Militar

Delfim Netto desempenhou um papel crucial nos rumos da economia brasileira durante os anos de regime militar. Ele foi ministro da Fazenda nos governos de Costa e Silva (1967-1969) e Médici (1969-1973), além de ministro da Agricultura no governo de João Figueiredo (1979-1984). Durante sua gestão na Fazenda, o Brasil viveu o chamado “milagre econômico”, um período entre 1968 e 1973 marcado por um crescimento médio de 11% no Produto Interno Bruto (PIB), redução da inflação e aumento do poder aquisitivo das classes média e empresarial. Contudo, essa fase de prosperidade foi seguida por uma grave crise econômica, com o retorno da inflação, aumento significativo da dívida externa e maior concentração de renda, afetando principalmente os brasileiros mais pobres.

Além de seu papel como ministro, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979) e assumiu a Secretaria de Planejamento em 1979, quando o país já enfrentava desafios econômicos significativos. Os últimos anos da Ditadura foram marcados pelo declínio econômico e pela explosão da dívida externa, contexto em que Delfim atuou na tentativa de conter os danos.

Carreira acadêmica e política

Nascido no bairro do Cambuci, em São Paulo, em uma família de imigrantes italianos, Antônio Delfim Netto formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), sendo parte da terceira turma do curso. Sua carreira começou de forma modesta, como auxiliar de escritório na Indústria Gessy do Brasil, e no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo, ainda enquanto estudava. No entanto, ao longo de quase 60 anos, Delfim Netto tornou-se uma figura influente na política e economia do país, seja diretamente, em cargos públicos, ou indiretamente, como conselheiro e consultor.

Na política, Delfim elegeu-se deputado federal cinco vezes consecutivas, começando em 1986 pelo PDS. Participou ativamente da Assembleia Nacional Constituinte em 1987, e foi reeleito deputado em 1990 e 1994 pelo PPR. Mesmo após deixar os cargos públicos, continuou a influenciar o debate econômico e político no Brasil, escrevendo para importantes veículos de comunicação, como Folha de S. Paulo e Carta Capital.

Legado e impacto na história econômica do Brasil

Delfim Netto deixa um legado complexo e polêmico na história do Brasil. Sua participação ativa durante o período mais repressivo da Ditadura Militar, com o “milagre econômico” seguido de uma crise econômica profunda, faz dele uma figura central para entender os avanços e retrocessos da economia brasileira nas últimas décadas. Mesmo após o fim do regime militar, Delfim continuou a exercer influência, seja na política, como deputado constituinte, ou na mídia, como colunista e comentarista de temas econômicos.

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