Áudio revela tensão entre juiz auxiliar e Alexandre de Moraes

Gravação mostra Airton Vieira relatando desgaste físico e mental por interferências em audiências de custódia dos presos de 8 de janeiro

Por Plox

12/08/2025 18h28 - Atualizado há 16 dias

Uma conversa gravada entre o juiz Airton Vieira, que atuava como auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, e Eduardo Tagliaferro, ex-assessor especial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), trouxe à tona o desconforto do magistrado com o trabalho ao lado do ministro.


Imagem Foto: Reprodução STF


No diálogo, Vieira desabafa dizendo que a situação havia se tornado insustentável, afetando seu sono e sua saúde mental.
\"Eu não estou aguentando mais — em termos físicos, psicológicos, emocionais. Eu não consigo dormir sossegado. Eu tô perdendo completamente a higidez mental, o pouco que eu ainda tinha\"

, afirmou.

O juiz relatou que as interferências de Moraes ocorriam principalmente durante audiências de custódia relacionadas aos presos dos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, o ministro estaria emitindo opiniões e orientações que impactavam diretamente decisões que, pela lei, caberiam aos juízes.


Imagem Foto: Reprodução


Vieira contou ainda que, apesar de considerar a saída do cargo, optou por permanecer naquele momento para não passar a impressão de que estaria abandonando o ministro durante um período de forte pressão. “Eu não faria isso, deixando o ministro na mão. Mas está muito difícil”, declarou.


Ele também descreveu como a pressão profissional vinha prejudicando sua família e destacou o clima hostil no ambiente de trabalho: “O que a gente fala não tem crédito, tudo é para anteontem, e estamos cercados de gente... É muito difícil”.



O jornalista David Ágape, que integra a investigação conhecida como Vaza Toga, publicou a transcrição no X (antigo Twitter) e explicou que a queixa de Vieira se referia ao fato de Moraes centralizar decisões como concessão de liberdade provisória, relaxamento de prisão ou conversão para preventiva, funções previstas no Artigo 310 do Código de Processo Penal.


O magistrado, segundo Ágape, chegou a se despedir dos colegas do grupo de WhatsApp responsável por acompanhar as audiências de custódia, ao deixar o posto e retornar às atividades como desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.



A gravação foi inicialmente divulgada pelo portal Metrópoles e gerou repercussão por expor os bastidores de tensão e sobrecarga no gabinete do ministro do STF.


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