De promotor a ministro do STF: a trajetória multifacetada de Alexandre de Moraes

Carreira do magistrado inclui polêmicas na gestão pública, atuação na advocacia e nomeações estratégicas em diferentes governos

Por Plox

12/08/2025 18h22 - Atualizado há 5 dias

Conhecido hoje por sua atuação no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes tem uma trajetória que atravessa mais de três décadas de vida pública, marcada por funções de destaque e momentos de forte repercussão. Antes de ocupar a cadeira na mais alta Corte do país, o ministro já havia sido personagem frequente nas manchetes, envolvendo-se em episódios que vão do comando de secretarias estaduais e municipais a polêmicas judiciais.


Imagem Foto: Presidência


Formado pela tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), em 1990, Moraes construiu seu percurso acadêmico na mesma instituição, onde concluiu o Doutorado em Direito do Estado em 2000 e, um ano depois, obteve a Livre-Docência em Direito Constitucional.


Sua carreira começou no Ministério Público paulista, onde atuou como promotor de Justiça de 1991 a 2002, passando por cidades como Aguaí, Cruzeiro e São Bernardo do Campo. Durante esse período, ganhou projeção nacional no chamado “Frangogate” — investigação sobre supostas irregularidades em licitação para fornecimento de frangos na gestão de Paulo Maluf.



Em 2002, aos 33 anos, foi chamado por Geraldo Alckmin para comandar a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, função que exerceu até 2005, período em que também presidiu a Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem). Nessa função, protagonizou uma polêmica demissão de 1,7 mil monitores, que resultou anos depois em prejuízos milionários à instituição, com decisões judiciais favoráveis aos trabalhadores.


No mesmo ano, foi nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para compor o recém-criado Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde permaneceu até 2007. Em seguida, assumiu uma posição central na gestão de Gilberto Kassab em São Paulo, sendo apelidado de “supersecretário” ao acumular responsabilidades sobre transporte, trânsito, limpeza urbana e até serviços funerários, controlando um orçamento bilionário.



Entre 2010 e 2014, atuou na advocacia privada, defendendo clientes de peso como o ex-deputado Eduardo Cunha e representando, em processos cíveis, uma cooperativa que mais tarde foi associada a investigações sobre o PCC — caso que até hoje é usado por críticos como argumento contra ele.


Retornou ao governo paulista em 2015, novamente a convite de Alckmin, desta vez como secretário de Segurança Pública. Sua gestão foi marcada por ações enérgicas em manifestações, incluindo o uso inédito de blindados israelenses nas ruas de São Paulo.



No ano seguinte, deixou o cargo para assumir o Ministério da Justiça no governo Michel Temer. A passagem pela pasta coincidiu com momentos delicados, como as Olimpíadas do Rio, rebeliões em presídios da Região Norte e um episódio midiático no qual Moraes apareceu cortando pés de maconha no Paraguai. Curiosamente, anos depois, já como ministro do STF, ele votou a favor da descriminalização do porte da droga para uso pessoal.


A ligação com Temer foi determinante para que, em 2017, ele fosse escolhido para ocupar a vaga no Supremo deixada por Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo. Antes da posse, precisou se desfiliar do PSDB, partido ao qual era ligado desde 2015.



Assim, a vida pública de Alexandre de Moraes revela não apenas uma ascensão rápida, mas também um histórico de decisões e episódios que ajudaram a moldar a imagem de uma das figuras mais influentes — e debatidas — do cenário jurídico e político brasileiro.


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