PM que atirou com airsoft no rosto de bebê vira réu; Justiça Militar marca audiência
Caso envolve soldado acusado de lesionar bebê e sargento por omissão. Vídeo de câmeras corporais e de segurança registrou o disparo. Menina precisou passar por cirurgia para retirada de munição de plástico.
Por Plox
12/09/2024 10h34 - Atualizado há 3 meses
Caso envolve soldado acusado de lesionar bebê e sargento por omissão. Vídeo de câmeras corporais e de segurança registrou o disparo. Menina precisou passar por cirurgia para retirada de munição de plástico.
A Justiça militar tornou réus dois policiais militares envolvidos em um incidente em que uma bebê de 1 ano foi atingida no rosto por um disparo de airsoft, uma arma de pressão, em dezembro de 2023, na Zona Leste de São Paulo. O soldado Henrique Rodrigues da Silva é acusado de atirar na criança, enquanto o sargento Tony Ricardo Pinto responderá por omissão e abandono de posto. A primeira audiência do caso está marcada para esta quinta-feira (12), às 14h, no Tribunal de Justiça Militar.
Disparo contra a criança
De acordo com o Ministério Público, o soldado Henrique Rodrigues estava dirigindo uma viatura da Polícia Militar quando atirou com uma arma de airsoft na direção de uma motocicleta, atingindo a bebê que estava sendo transportada por seu pai. A câmera de segurança da rua Sete Estrelas, no Itaim Paulista, capturou o momento em que a viatura reduz a velocidade e o soldado coloca o braço para fora da janela, disparando contra a moto. O vídeo mostra que o pai da criança estava sem capacete e conduzia a moto de maneira irregular.
A criança ferida foi levada ao hospital, onde passou por uma cirurgia para a retirada da munição de plástico, que se alojou em seu rosto. A operação foi bem-sucedida, e a menina sobreviveu, embora tenha precisado de pontos na bochecha.
Omissão e gravações de câmeras corporais
Além de acusar o soldado pelo disparo, o Ministério Público também responsabiliza o sargento Tony Ricardo Pinto por não ter repreendido o subordinado. Imagens das câmeras corporais dos policiais mostram o sargento rindo durante o incidente. A Corregedoria da Polícia Militar, que também investiga o caso, afirma que Henrique, que estava ao volante, foi o autor do disparo, enquanto Tony estava no banco do passageiro.
As imagens captadas pelas bodycams ainda não foram encaminhadas para a Polícia Civil, que também investiga o caso como tentativa de homicídio. O inquérito segue em andamento no 67º Distrito Policial, Jardim Robru, que busca responsabilizar os policiais pelo ocorrido. A Polícia Técnico-Científica já recebeu a bala para perícia, mas a arma de airsoft utilizada no crime não foi apreendida até o momento.
PMs ficaram em silêncio e não registraram a ocorrência
Durante os interrogatórios na Corregedoria e na delegacia, os dois policiais optaram por permanecer em silêncio. Além disso, eles não registraram a ocorrência do pai da menina, que pilotava a moto de forma irregular. A câmera de segurança mostra que os PMs deixaram o local após o disparo, sem prestar socorro ou realizar qualquer abordagem formal.
Pouco depois, mais duas viaturas da PM chegaram ao local para investigar câmeras de segurança que pudessem ter gravado o incidente. As testemunhas afirmam que, ao descobrirem que a bebê havia sido ferida, os policiais também se retiraram do local sem maiores ações.
Investigações e possíveis consequências legais
A Polícia Civil, além de apurar o disparo contra a criança, também investiga o pai da bebê, que não tinha habilitação e transportava a filha sem capacete, o que é considerado uma infração gravíssima pela legislação de trânsito. Transportar crianças menores de 10 anos em motocicletas também é proibido, com penas que vão desde multas até apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo informou que os PMs envolvidos no caso poderão ser acusados de fraude processual, além de enfrentar o risco de demissão. O caso também repercutiu nas redes sociais e na imprensa devido à gravidade da ação cometida pelos policiais.
Defesa e resposta da Secretaria de Segurança Pública
A defesa dos policiais ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que ambos os policiais foram afastados do patrulhamento nas ruas, mas seguem trabalhando em funções administrativas. Eles responderão tanto na Justiça militar quanto na comum, e permanecem em liberdade enquanto o processo está em andamento.
"A Polícia Militar concluiu as apurações dos fatos e encaminhou à Justiça Militar Estadual, com indiciamento dos policiais por prevaricação, lesão corporal e abandono de posto. Eles permanecem em trabalhos internos administrativos até a conclusão do processo. Um inquérito policial também está em andamento pelo 67º Distrito Policial (Jardim Robru), que realiza diligências para concluir o caso", afirmou a SSP em comunicado.