Carro enterrado em bunker reacende caso de desaparecimento no Paraná

O caso do desaparecimento de quatro homens após uma cobrança de dívida no Paraná ganhou novos desdobramentos com a descoberta do carro em que eles estavam. O veículo foi localizado nesta sexta-feira (12) enterrado em um bunker na zona rural de Icaraíma, no noroeste do estado. A localização do carro foi feita pela Polícia Militar Ambiental de Umuarama, e há suspeitas de que os corpos das vítimas estejam nas proximidades.

Os desaparecidos são Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza. Robishley, Rafael e Diego haviam saído de São José do Rio Preto (SP) no dia 4 de agosto com destino ao Paraná para cobrar uma dívida. Ao chegarem em Icaraíma, se encontraram com Alencar, que havia encomendado o serviço, e seguiram juntos para uma propriedade rural.

No dia seguinte, 5 de agosto, os quatro homens deixaram de manter contato com familiares. Câmeras de segurança os registraram em uma panificadora da cidade por volta das 10h da manhã. Após esse momento, não houve mais notícias.

Conforme as investigações da Polícia Civil do Paraná, que correm sob sigilo, há fortes indícios de homicídio. O delegado Thiago Andrade confirmou a localização do veículo a cerca de 9 quilômetros da propriedade pertencente aos suspeitos do desaparecimento. A retirada do carro foi realizada com perícia no local, e a presença de lonas em volta do bunker levanta suspeitas de que os corpos estejam ali.

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Coronel Hudson Teixeira, comentou sobre a possibilidade:

\"Por enquanto os corpos não foram localizados ainda, mas a gente presume que estejam ali, até porque tem bastante lona ali no local. Se fosse só a caminhonete não precisava das lonas\"

.

Os principais suspeitos são Antonio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22. Ambos foram vistos pela última vez em 6 de agosto, após prestarem depoimento e serem liberados pela polícia. Desde então, estão foragidos e com mandados de prisão temporária expedidos.

A apuração indica que os quatro desaparecidos foram até o distrito de Vila Rica do Ivaí, no dia 4 de agosto, para realizar a cobrança. Após contato inicial, marcaram de voltar no dia seguinte. Foi neste momento que teriam caído em uma emboscada.

A motivação estaria relacionada à venda de uma propriedade rural. Segundo o delegado Gabriel Menezes, Alencar vendeu a terra para a família Buscariollo por R$ 255 mil, parcelado em dez notas promissórias. Nenhuma parcela foi paga, o que levou à contratação dos três homens para cobrar a dívida. Familiares das vítimas relataram que os cobradores atuam há mais de 13 anos nessa função.

Em versões diferentes, pessoas próximas afirmaram que a dívida era de R$ 1 milhão, enquanto outras apontam R$ 100 mil. A polícia, porém, confirmou apenas o valor de R$ 255 mil.

A defesa dos suspeitos, por meio do advogado Renan Farah, alega inocência e justifica a fuga com base em ameaças de morte recebidas por meio de áudios. Segundo ele, houve um desacordo comercial após a devolução da propriedade a Antonio e Paulo. O advogado solicitou análise de Estação Rádio Base (ERBs) para comprovar a localização dos acusados no momento do desaparecimento.

Enquanto isso, a família das vítimas, representada pela advogada Josiane Monteiro, reforça a gravidade do caso.

\"Sabemos que as chances de encontrá-los vivos são pequenas, mas a família ainda tem esperança\"

, disse ela. A advogada informou que um pedido de apoio foi feito à Polícia Civil e à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, e uma recompensa de R$ 50 mil foi oferecida por qualquer informação que leve ao paradeiro das vítimas ou dos suspeitos.

As buscas seguem intensas desde 6 de agosto, com apoio de sonar, cães farejadores, helicóptero com câmeras de infravermelho e imagens de câmeras de segurança. Um carro da família Buscariollo chegou a ser apreendido no dia 8, mas os resultados da perícia ainda não foram divulgados.

A polícia descartou rumores de que os envolvidos teriam atravessado para o Mato Grosso do Sul por meio de balsa. Também foi confirmado que uma das vítimas enviou localização por aplicativo de mensagens para um amigo em São Paulo, mas a mensagem tratava apenas da compra de um veículo e ocorreu antes do desaparecimento.

As investigações continuam em sigilo, e o mistério sobre o paradeiro dos quatro homens permanece.