Presos 'Careca do INSS' e empresário alvo da CPMI por fraudes contra aposentados
Lobista e empresário são apontados como líderes de esquema bilionário com descontos ilegais em benefícios do INSS; depoimento à CPMI está mantido
Por Plox
12/09/2025 10h19 - Atualizado há cerca de 14 horas
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) duas figuras centrais no escândalo da chamada 'farra do INSS': Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti. Ambos são apontados como articuladores de um esquema que desviou milhões por meio de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

As prisões ocorreram no âmbito da Operação Cambota, um desdobramento da Operação Sem Desconto. Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. Mesmo com a prisão, o depoimento de Antunes à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS está mantido para a próxima segunda-feira (15/9).
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), comemorou a ação nas redes sociais, dizendo que as investigações estão “começando a dar resultado”. O vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSD-MA), destacou que as prisões são resultado de “muito trabalho, investigação e coragem para enfrentar poderosos”.
O escândalo, revelado em 2023, expôs um crescimento anormal na arrecadação de entidades com descontos sobre benefícios, ultrapassando R$ 2 bilhões em um ano. Muitas dessas associações enfrentam milhares de processos por fraudes na filiação de segurados do INSS.
A CPMI havia aprovado, na véspera das prisões, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Antunes e Camisotti. Também foi solicitado ao Coaf um Relatório de Inteligência Financeira sobre ambos. Para o senador Marcos Rogério (PL-RO), isso comprova que a comissão está no caminho certo.
A Polícia Federal estima que Antunes tenha recebido R$ 30 milhões de associações envolvidas no esquema, entre elas a Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), Cebap (Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas) e a Unsbras (União Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Brasil).
Essas entidades, segundo a PF, transferiram valores milionários ao lobista: R$ 11,9 milhões da Ambec e R$ 12,6 milhões da Cebap. Juntas, as três faturaram R$ 852 milhões com os descontos aplicados ilegalmente sobre os benefícios.
Maurício Camisotti, por sua vez, é apontado como controlador dessas associações. A PF descobriu que elas tinham em suas diretorias pessoas ligadas diretamente ao empresário, como parentes e funcionários. Ele também seria dono de empresas de seguros e planos de saúde que receberam milhões das entidades envolvidas na fraude.
Vindo do setor de marketing, Antonio Carlos Antunes é investigado por supostamente subornar diretores do INSS para obter acesso a dados cadastrais de beneficiários, repassando essas informações às associações fraudulentas. Essas, por sua vez, usavam os dados para filiar aposentados sem autorização e aplicar os descontos indevidos.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) também reagiu à operação com otimismo. “Um bom início para esta sexta-feira”, publicou nas redes sociais.
As prisões representam um avanço significativo no trabalho da CPMI do INSS, que continua investigando os responsáveis por desvios milionários que atingiram diretamente aposentados e pensionistas em todo o país.