Hospital referência para população de rua é fechado pela Prefeitura de SP após interdição

Problemas estruturais, falta de profissionais e aumento de óbitos motivaram a decisão; pacientes serão transferidos até o fim da semana.

Por Plox

12/11/2024 12h47 - Atualizado há 28 dias

A Prefeitura de São Paulo anunciou o fechamento definitivo do Hospital Bela Vista, uma unidade hospitalar no Centro de São Paulo que servia como referência para atendimento da população em situação de rua. O hospital foi interditado pela Vigilância Sanitária na última quinta-feira (31) devido a irregularidades estruturais e ausência de licença de funcionamento, após pedido do Ministério Público Estadual.

Foto: Leon Rodrigues/SECOM

Inaugurado em 2020, o hospital funcionou por apenas quatro anos, com problemas que incluíam a falta de profissionais especializados e inadequações em setores essenciais para pacientes com doenças graves. Até o final de novembro, os pacientes que ainda se encontram internados no local deverão ser transferidos ou receber alta.

Pacientes e precariedade no atendimento

No momento da interdição, havia 18 pacientes em tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outros 84 em diversos setores do hospital. Segundo dados fornecidos pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp), o hospital registrou aumento no número de óbitos nos últimos meses, com 17 mortes em agosto e 15 em setembro. A falta de pessoal qualificado foi apontada como um dos principais motivos, com relatos de profissionais recém-formados e sem especialização atuando na UTI e outras áreas críticas da unidade.

Problemas estruturais e falta de isolamento

A estrutura do hospital apresentou graves problemas no atendimento de pacientes com doenças infecciosas. Arthur Pinto Filho, promotor do caso, destacou a inadequação do sistema de isolamento, fundamental para evitar a propagação de doenças como a tuberculose. “O quarto de isolamento tem que ter um sistema de ar próprio, ele não pode circular pelo hospital e esse sistema próprio não funcionava. Então, a pessoa no quarto de isolamento usava o sistema geral do ar do hospital levando problema para todos os cantos”, explicou o promotor.

Além disso, a falta de controle de acesso na UTI também foi mencionada nos relatórios da Vigilância Sanitária, evidenciando o risco de contaminação e a dificuldade de manter padrões de higiene e segurança hospitalar.

Prefeito avalia soluções para profissionais e pacientes

Durante uma agenda nesta segunda-feira (11), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que estuda alternativas para manter os 512 funcionários que trabalhavam no hospital, entre demissão e a possibilidade de abertura de uma nova unidade hospitalar para continuar o atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade. "Eu já orientei a minha equipe e vamos entregar o local. O hospital estava numa localização importante porque atende, prioritariamente, a população em situação de rua. Agora eu vou abrir um outro hospital, aquele local já está descartado", declarou o prefeito, destacando a importância de um atendimento específico para essa população.

Transferência de pacientes

A Prefeitura informou que, até o final desta semana, os 20 pacientes que ainda permanecem internados no Hospital Bela Vista deverão ser transferidos para outras unidades de saúde. A decisão visa garantir que esses pacientes tenham o suporte necessário até a resolução completa dos problemas que levaram ao fechamento do hospital.

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