Materiais de energia limpa podem ser problema futuro, diz pesquisadora
A pesquisadora Beatriz Luz, presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular, destaca a importância de se planejar o descarte de materiais ao desenvolver novas tecnologias.
Por Plox
12/11/2024 10h17 - Atualizado há cerca de 2 meses
No festival REC’n’Play, realizado no Recife na semana passada, Beatriz Luz organizou o Brazilian Circular Hotspot, um evento voltado para a promoção da economia circular. Na ocasião, ela reforçou a importância de considerar o ciclo de vida completo dos materiais em novas tecnologias: "A mensagem da circularidade é que não se pode desenvolver também novas tecnologias sem pensar no que acontece depois com os materiais”, afirmou.
Tecnologias de energia limpa e o desafio do descarte
Como exemplo, a pesquisadora cita as turbinas eólicas e painéis solares, que, apesar de promoverem energia limpa, exigem planejamento para o descarte adequado após seu tempo útil. Segundo Beatriz, é fundamental "mostrar para as pessoas que tudo está integrado" e que a economia circular é uma estratégia essencial para enfrentar a crise climática.
Ela defende que práticas como reutilização, recuperação e reciclagem de materiais sejam discutidas com urgência, e explica que essas ações ajudam a regenerar o planeta, proteger a biodiversidade e reduzir resíduos e poluição.
Mudança no "modelo mental" e incentivo governamental
Para Beatriz Luz, o avanço da economia circular depende de uma mudança no "modelo mental" sobre consumo e produção, e do engajamento da sociedade, do setor público e das empresas. "É importante ter o engajamento do poder público criando diretrizes favoráveis a esse novo modelo de negócio, com incentivos para produtos circulares”, declarou.
Beatriz cita exemplos de países europeus, onde leis obrigam produtores de energia renovável a serem responsáveis pelo descarte dos equipamentos utilizados. Sem essas medidas, alerta ela, o problema ambiental pode apenas ser transferido: “A gente vai eliminar o problema do combustível fóssil e gerar outro problema”.
Financiamento e políticas para circularidade
O economista ambiental Arno Behrens, do Banco Mundial, que também participou do REC’n’Play, destacou a necessidade de financiamento dos bancos multilaterais para iniciativas de economia circular. Segundo Behrens, a economia circular ainda não recebe a mesma atenção que o combate às mudanças climáticas, mas pode contribuir para reduzir em mais de 7% as emissões de CO₂ até 2030.
O papel do Brasil como exemplo em inovação sustentável
O finlandês Kari Herlevi, especialista em sustentabilidade, também participou do evento e sugeriu que o Brasil pode se tornar um “holofote” em inovação para a região. Ele destacou que o Brazilian Circular Hotspot reforça a capacidade de soluções brasileiras em inspirar o mundo com alternativas sustentáveis adaptadas aos desafios locais. “O evento surge como um ponto estratégico de inovação e sustentabilidade”, comentou.