Pobreza eleva em 3 vezes risco de surgimento de ansiedade e depressão
A estimativa é de que cerca de 11% da população mundial lida atualmente com algum tipo de transtorno mental.
Por Plox
12/11/2024 10h05 - Atualizado há cerca de 2 meses
Um relatório recente das Nações Unidas, intitulado “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, indica que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais probabilidade de desenvolver transtornos mentais, como ansiedade e depressão. A estimativa é de que cerca de 11% da população mundial lida atualmente com algum tipo de transtorno mental.
Impacto do crescimento econômico e desigualdade
Olivier De Schutter, relator especial da ONU e autor do estudo, afirma que essa situação está ligada à busca desenfreada pelo crescimento econômico e ao desejo de acumulação de riqueza, fatores que pressionam trabalhadores a jornadas exaustivas e condições precárias de trabalho. De Schutter ressalta que, "quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e, com isso, desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade".
Jornadas contínuas e insegurança no trabalho
O relatório identifica a jornada de trabalho em regime “24/7”, em que trabalhadores ficam constantemente disponíveis, como um dos principais fatores de risco. Esse modelo é especialmente comum entre trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais, cujas jornadas e horários variáveis tornam difícil manter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A instabilidade em relação aos horários e à quantidade de trabalho contribui significativamente para o aumento de casos de ansiedade e depressão, segundo o estudo.
Ansiedade climática e impactos econômicos
Outro ponto destacado é a chamada “ansiedade climática”. Eventos extremos, como inundações e secas prolongadas, destroem fontes de renda, gerando insegurança financeira e aumento da ansiedade entre as populações afetadas.
Medidas propostas para reduzir desigualdades
Para enfrentar esse cenário, o estudo da ONU propõe que os governos implementem políticas de combate à desigualdade e à insegurança econômica, incluindo a criação de programas de renda básica universal e o fortalecimento da economia social e solidária. Essas iniciativas visam garantir uma renda mínima, afastando a população da linha da pobreza e reduzindo as condições que geram transtornos mentais.
O relatório também menciona que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e pesquisadores estão desenvolvendo alternativas ao modelo econômico atual, com o objetivo de erradicar a pobreza. As propostas finais devem ser apresentadas em 2025.