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CEO do Nubank critica uso indevido de canal interno: ‘Confundiram corporativo com rede social’
Banco digital demite 12 após manifestações contra fim do home office; suspeita de sabotagem também resulta em desligamentos e mobiliza sindicatos
12/11/2025 às 11:07por Redação Plox
12/11/2025 às 11:07
— por Redação Plox
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A recente crise interna no Nubank, desencadeada pela demissão de funcionários insatisfeitos com as mudanças no modelo de trabalho, escalou e ganhou repercussão pública após manifestações do CEO da empresa, David Vélez, nas redes sociais.
Banco digital dispensa 12 funcionários após protestos contra o término do trabalho remoto; investigações de sabotagem também levam a desligamentos e ativam sindicatos
Foto: Reprodução
Mudança no regime de trabalho e reação dos funcionários
Na última sexta-feira, o Nubank desligou 12 colaboradores após uma reunião marcada por protestos, revolta e até insultos durante o anúncio do fim do home office quase integral. A fintech planeja instituir o modelo híbrido a partir de 2026, exigindo presença física em ao menos dois dias semanais, e aumentando para três dias em 2027. Atualmente, o comparecimento ao escritório é exigido apenas uma semana por trimestre.
As novas diretrizes, comunicadas por e-mail pelo próprio David Vélez, já antecipavam possíveis rupturas entre a equipe com a adoção do novo regime.
Discussão nas redes sociais aumenta a tensão
A crise repercutiu rapidamente nas redes. Um ex-funcionário do Nubank, Rafael Calsaverini, comentou em uma publicação de Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, criticando a forma como as demissões ocorreram, alegando que “meros comentários irônicos pontuais” não justificariam a dispensa por justa causa. O ex-colaborador também sugeriu que o CEO teria condições de lidar melhor com críticas, lembrando interações anteriores com ele.
David Vélez respondeu no próprio post, defendendo a decisão da empresa e criticando a conduta dos profissionais desligados.
Rafael Calsaverini, você tem pouca informação, meu amigo. Você não faz ideia do tipo de linguagem e comportamento dessas pessoas. Confundiram um canal corporativo com rede social ou arquibancada de estádio. Você não aceitaria esse comportamento na sua própria casa.
David Vélez
A repercussão do episódio resultou em grande engajamento na publicação inicial do sindicato, que registrou milhares de reações e centenas de comentários.
No Instagram, Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, respondeu críticas e comunicou que a empresa oferecerá ajuda de custo para funcionários que precisem se mudar para atender à exigência de trabalho presencial.
Descontentamento interno e ações do sindicato
Na véspera das demissões, cerca de 7 mil funcionários participaram de uma reunião virtual, onde o anúncio da mudança provocou grande insatisfação. Segundo relatos internos, o encontro teve momentos de tensão, com linguagem considerada agressiva por parte de alguns presentes.
O Comitê de Conduta do Nubank avaliou o comportamento dos funcionários na ocasião e decidiu pela demissão de 12 pessoas, mencionando que foram ultrapassados limites de respeito e conduta. Outros profissionais receberão advertências escritas.
Funcionários também expressaram insatisfação em fóruns internos, relatando surpresa e preocupação, principalmente entre quem vive distante dos escritórios. Há ainda queixas de falta de representatividade de pessoas fora do Sudeste da empresa, além do impacto das novas exigências para quem reside fora de São Paulo.
Em resposta à situação, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região convocou uma plenária virtual para discutir as mudanças e colher queixas, dúvidas e sugestões dos funcionários do Nubank. A reunião deve abordar principalmente os impactos do novo modelo de trabalho.
Segundo nota do sindicato, o formulário para relatos dos trabalhadores já recebeu centenas de contribuições. A entidade destaca que mudanças dessa magnitude “exigem transparência, diálogo e previsibilidade”, reforçando seu compromisso com a defesa do direito de manifestação e a busca por soluções negociadas.
Sindicato pede apuração e suspensão das demissões
O sindicato solicitou formalmente uma reunião urgente com a diretoria do Nubank para esclarecer as demissões e pediu a suspensão dos desligamentos enquanto houver investigação sobre a conduta dos envolvidos. A entidade também afirmou que seguirá ouvindo as demandas dos trabalhadores e promoverá outros encontros virtuais.
O Nubank alega que não tolera desrespeito nem violações de conduta, mas mantém canais abertos para debate interno. A empresa, porém, não comenta casos individuais relativos a desligamentos.
Expansão da presença física e exceções ao trabalho presencial
De acordo com o Nubank, a infraestrutura de escritórios será ampliada para acomodar o aumento de funcionários presenciais, incluindo novas unidades em cidades como Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Washington, Miami e Palo Alto. Atualmente, a fintech mantém escritórios em São Paulo, Cidade do México e Bogotá, além de hubs de talentos em Montevidéu, Berlim e Durham.
Algumas funções continuarão sendo desempenhadas remotamente, como atendimento ao cliente, investimentos, ouvidoria, rotulação de dados, investigação de crimes financeiros e soluções regulatórias, devido à baixa necessidade de interação presencial.
Demissões adicionais e investigação de sabotagem
Além dos desligamentos motivados por comportamento inadequado na reunião, o Nubank também demitiu dois funcionários suspeitos de planejar sabotagem contra sistemas internos. O caso foi detectado pelas operações regulares de Segurança da Informação e encaminhado às autoridades para investigação.
Durante nossas operações regulares de Segurança da Informação, detectamos que dois funcionários estavam planejando sabotar sistemas internos. Agimos rapidamente para impedir que esses funcionários concretizassem o plano, utilizando nossas robustas defesas contra qualquer tipo de ameaça.
Eric Young
O CTO também reforçou internamente que ameaças a sistemas financeiros são crimes federais e que tais situações serão tratadas com rigor.
Até o momento, não há confirmação de relação entre as recentes demissões por sabotagem e os protestos contra a mudança no regime de trabalho.