Uma nova pesquisa Genial/Quaest revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a ser visto como mais forte politicamente após se encontrar com Donald Trump. O levantamento também destaca que fatores ligados à segurança pública têm freado a melhora na avaliação do governo brasileiro.

Lula ganha força após encontro internacional

O encontro entre Lula e Trump ocorreu em 26 de outubro, durante a 47ª Cúpula de Líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, na Malásia. Segundo o levantamento, 45% dos entrevistados consideram que Lula saiu fortalecido politicamente da reunião, enquanto 30% avaliam que ele ficou mais fraco. Outros 10% acham que o presidente permaneceu igual e 15% não souberam opinar.

A pesquisa também identificou otimismo sobre as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Entre os entrevistados, 51% acreditam que Lula e Trump chegarão a um acordo para redução de tarifas, enquanto 39% consideram improvável uma convergência.

Aprovação de Lula sofre impacto após operação no Rio

Apesar dos sinais de fortalecimento político após o encontro internacional, a pesquisa mostra que a aprovação do governo Lula voltou a cair. Hoje, 50% dos brasileiros desaprovam sua administração e 47% aprovam, oscilando dentro da margem de erro de dois pontos percentuais em relação ao mês anterior.

No início do ano, os índices de aprovação e desaprovação estavam em 47% e 49%, respectivamente. Desde maio, quando a desaprovação atingiu o pico de 57%, havia uma recuperação gradual desses números.

O cenário mudou após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do país, com 121 mortos. O episódio reacendeu o debate sobre segurança pública e influenciou diretamente os índices do governo.

Operação tem aprovação popular, mas discurso presidencial enfrenta resistência

A ação policial contou com aprovação de 67% dos brasileiros, segundo a Quaest. Apenas 25% desaprovaram a conduta das forças de segurança.

A violência passou a ser a principal preocupação nacional, superando inclusive a economia. A pesquisa indica que 38% dos entrevistados citaram a violência como tema mais importante, enquanto a economia foi mencionada por 15%.

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, apontou que a estabilidade na avaliação de Lula se deve a fatores que se anulam: a redução da insatisfação com a alta dos alimentos e o impacto das declarações do presidente sobre segurança pública.

Declarações de Lula geram desgaste

Durante sua viagem à Malásia, Lula afirmou que “os traficantes também são vítimas dos usuários”. A frase recebeu forte rejeição: dados da pesquisa indicam que 81% discordam da declaração, apenas 14% concordam e 5% não souberam responder. No Rio de Janeiro, a reprovação foi ainda maior, chegando a 85%, com números apurados em outubro.

Em uma nova manifestação sobre o tema, Lula classificou como “desastrosa” a ação da polícia no Rio, posição que também foi reprovada pela maioria. Segundo a Quaest, 57% dos brasileiros discordam dessa avaliação do presidente, enquanto 38% concordam e 5% não souberam responder.

Detalhes da pesquisa

O levantamento Genial/Quaest foi realizado entre 6 e 9 de novembro, com entrevistas presenciais junto a 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.