Influenciadora virtual Camila Santini promete revolucionar marketing com inteligência artificial

Estratégia do Grupo Gatti investe quase R$ 1 milhão para criar influenciadora mineira que alia tecnologia e segurança para marcas.

Por Plox

12/12/2024 17h08 - Atualizado há 3 meses

Camila Santini, uma influenciadora mineira com quase 12 mil seguidores no Instagram, parece seguir o padrão de tantas outras figuras digitais: publicações bem produzidas, looks impecáveis e uma rotina compartilhada com o público. Mas, diferentemente das demais, Camila não é real. Criada com inteligência artificial (IA) pelo Grupo Gatti, ela é uma estratégia de marketing que exigiu oito meses de desenvolvimento, um investimento de quase R$ 1 milhão e o uso de mais de 25 ferramentas tecnológicas para dar vida à personagem.

Foto: Instagram/@ca_santinni/Reprodução

O que está por trás de Camila Santini

De acordo com Wemerson Gatti, proprietário do Grupo Gatti, Camila representa uma resposta às necessidades das marcas que buscam associar sua imagem à inovação, mas sem os riscos relacionados a influenciadores humanos. “As marcas têm muito medo de atrelar seu nome a um influenciador. E se ele cometer algo contra a lei? Puxa a marca junto. As marcas aceitam bem a IA porque se sentem mais seguras. A Camila Santini não cometerá nenhum tipo de delito, porque ‘controlamos a vida dela’”, afirma.

O primeiro contrato fechado pela personagem reforça a viabilidade do projeto: R$ 200 mil por seis meses de conteúdo. Segundo Gatti, o processo de criação incluiu uma equipe de 12 pessoas e ferramentas específicas para cada aspecto da imagem de Camila. “Só para o cabelo é uma ferramenta, para a pele são outras duas. São necessários três, quatro dias para cada foto que construímos”, detalha.

Além do desenvolvimento, o Grupo Gatti mantém uma equipe fixa para gerenciar o perfil de Camila, composta por dois social media, um redator e um editor de imagens. Com um banco de mil imagens já preparado, a empresa está em negociações com grandes marcas para torná-la embaixadora de campanhas.

IA e os desafios da aceitação pública

Embora a recepção inicial seja positiva, o crescimento orgânico do perfil é um desafio. Após o lançamento oficial, o objetivo é conquistar público e clientes sem depender de tráfego pago.

Entretanto, Camila Santini não é um caso isolado. O uso de inteligência artificial para criar influenciadores já é tendência em outros países. Aitana Lopez, influenciadora virtual desenvolvida por uma empresa espanhola, é um exemplo de sucesso com seus 340 mil seguidores e faturamento superior a R$ 50 mil mensais, segundo o site EuroNews.

Impactos sociais e culturais

O surgimento de influenciadores virtuais reflete uma mudança nas relações humanas, avalia Fernanda Rodrigues, coordenadora de pesquisa no Instituto de Referência em Internet e Sociedade (Iris). “Essa busca por influencers de IA surge em um momento em que muitas pessoas estão substituindo ou buscando manter as suas interações por meio de redes sociais, de aplicativos, pela internet, em vez de necessariamente encontrando as pessoas fisicamente”, explica.

Contudo, a pesquisadora alerta para possíveis consequências negativas, como o reforço de estereótipos corporais e a redução de oportunidades para influenciadores reais pertencentes a grupos minoritários. “Influenciadores reais que são de grupos minoritários são pessoas que efetivamente passam por discriminações”, ressalta.

Para Rodrigues, o uso de IA em marketing não deve ser condenado, mas requer cautela: “é necessário agir com cautela sempre e, na prática, ter muita atenção aos impactos que o uso desse tipo de tecnologia pode gerar”.

Conclusão

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