Mais uma morte por Febre Oropouche é confirmada no Brasil; total de casos chega a quase 11 mil
Com óbitos registrados na Bahia, Pernambuco e Espírito Santo, o país enfrenta o aumento de casos da doença, que já ultrapassam 11 mil notificações.
Por Plox
12/12/2024 08h10 - Atualizado há 7 meses
As autoridades de saúde do Espírito Santo confirmaram a primeira morte causada pela Febre Oropouche no estado. Este é o quarto óbito registrado no Brasil em 2024. Antes disso, duas mortes haviam sido notificadas na Bahia e uma em Pernambuco. Segundo o Ministério da Saúde, o país já soma quase 11 mil casos da doença, com destaque para os estados do Amazonas e Espírito Santo, que concentram mais de 3 mil casos cada.

A Febre Oropouche é provocada por um arbovírus e transmitida, principalmente, pela picada do mosquito pólvora, também conhecido em algumas regiões como borrachudo. Ao contrário do Aedes aegypti, que se prolifera em ambientes domésticos, o mosquito transmissor da Oropouche ataca em áreas externas, especialmente ao amanhecer e ao entardecer.
Avanços no diagnóstico e atenção à vigilância epidemiológica
De acordo com José Geraldo Ribeiro, diretor da Sociedade Mineira de Imunização e epidemiologista do laboratório Hermes Pardini, a Febre Oropouche era considerada uma doença benigna, mas com potencial epidêmico. Ele destaca que, neste ano, o diagnóstico evoluiu graças à distribuição de testes pelo Ministério da Saúde para laboratórios regionais.
"Essa ampliação na capacidade de diagnóstico pode explicar o aumento de casos notificados, mas também levanta o questionamento sobre se a circulação do vírus já existia e apenas não era identificada", afirmou Ribeiro, destacando a necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica.
Transmissão e cuidados preventivos
O principal vetor da Febre Oropouche é o mosquito pólvora, cuja forma de atuação é diferente do Aedes aegypti. Enquanto o Aedes pica dentro de casa, o mosquito pólvora age em áreas externas, especialmente em horários de transição de luz, como o amanhecer e o entardecer.
"Se eu tenho uma gestante em uma área de transmissão ativa, ela deve evitar esses horários de exposição e utilizar roupas de mangas longas e calças compridas, além de repelentes apropriados", orientou o epidemiologista José Geraldo Ribeiro. Ele reforça que, apesar do controle no ambiente doméstico ser importante, grande parte das picadas ocorre fora do domicílio.
O alerta é direcionado a toda a população, mas com maior atenção para quem vive em áreas rurais ou em zonas de transição entre áreas urbanas e rurais. Segundo Ribeiro, em cidades de Santa Catarina, já foram identificados mosquitos pólvora circulando em áreas urbanas. "A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) atribui isso ao aquecimento global e ao desmatamento, fatores que favorecem a proliferação desses insetos", destacou o epidemiologista.
Sintomas da Febre Oropouche
Os sintomas da Febre Oropouche se assemelham aos de outras arboviroses, como dengue, chikungunya e febre amarela. Isso torna indispensável a realização de exames laboratoriais para o diagnóstico preciso.
Os principais sinais da doença incluem:
- Febre alta;
- Dor de cabeça;
- Dores musculares e articulares;
- Tontura;
- Dor atrás dos olhos;
- Calafrios;
- Fotofobia (sensibilidade à luz);
- Náuseas e vômitos;
- Falta de apetite;
- Manchas vermelhas pelo corpo.
Diante do aumento de casos e da confirmação de óbitos, as autoridades de saúde alertam para a necessidade de intensificar as ações de prevenção e controle da doença, especialmente nas áreas mais afetadas.