Especialistas analisam quando o atraso de fala está ligado ao autismo
Pesquisa diferencia atraso isolado de sinais compatíveis com TEA para diagnóstico mais preciso
Por Plox
13/02/2025 13h43 - Atualizado há 8 meses
O atraso de linguagem é um dos principais sinais associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas nem sempre indica a presença do transtorno. Uma nova pesquisa conduzida pelo Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento, busca esclarecer essa relação e ajudar na identificação mais precisa do TEA.
Publicado recentemente, o estudo analisa quando o atraso de linguagem é um sintoma isolado e quando está associado a outros sinais do espectro autista, permitindo um diagnóstico mais assertivo e evitando equívocos na avaliação clínica.
Diferentes causas do atraso de linguagem
O atraso na aquisição da fala pode ter diversas origens e não está, necessariamente, ligado ao TEA. Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a dificuldade na comunicação pode ser influenciada por complicações neonatais, como hipóxia (falta de oxigenação ao nascer), ou estar relacionada a transtornos específicos da fala.
“Complicações neonatais, como hipóxia, também podem impactar o desenvolvimento da fala. Além disso, erros fonológicos recorrentes, como a substituição de fonemas (dizer 'tasa' em vez de 'casa'), podem indicar transtornos específicos, como o Transtorno dos Sons da Fala (TSF) ou apraxia da fala, ao invés de TEA”, explica o especialista.

TEA ou sintoma isolado?
O estudo aponta que, no TEA, os erros fonêmicos podem estar ligados não apenas à articulação da fala, mas também a dificuldades na coordenação motora e na integração sensorial.
“Crianças autistas tendem a apresentar rigidez cognitiva, dificultando a adaptação da produção da fala a diferentes contextos. Por outro lado, crianças com atraso de linguagem sem TEA geralmente têm maior flexibilidade cognitiva”, ressalta o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
Essas diferenças são fundamentais para que profissionais de saúde possam distinguir um atraso de linguagem não relacionado ao autismo de um quadro mais amplo do espectro.
Intervenção precoce e estratégias de tratamento
Independentemente da causa, a pesquisa reforça a importância da intervenção precoce para estimular o desenvolvimento da linguagem.
Entre as estratégias recomendadas estão:
-Treinamento auditivo para melhorar a percepção dos sons;
-Práticas articulatórias para reforçar a produção correta das palavras;
-Exercícios de coordenação motora para aperfeiçoar a comunicação;
-Terapias comportamentais e fonoaudiológicas, especialmente no caso de crianças diagnosticadas com TEA.
A pesquisa traz contribuições importantes para pais, cuidadores e profissionais, ajudando a compreender melhor quando o atraso de linguagem é uma característica isolada ou um sinal do espectro autista, garantindo um acompanhamento mais eficiente e direcionado.