Facções criminosas lucram bilhões com combustíveis, superando tráfico de drogas

Grupos criminosos faturam R$ 146 bilhões ao ano com setores como bebidas, ouro e cigarros

Por Plox

13/02/2025 13h56 - Atualizado há 27 dias

A infiltração de organizações criminosas no setor de combustíveis no Brasil gera um lucro quatro vezes maior do que o tráfico de cocaína, segundo um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quinta-feira (13). Desde 2022, essas quadrilhas movimentam cerca de R$ 61,5 bilhões por ano apenas nesse mercado, enquanto o comércio de cocaína rende aproximadamente R$ 15 bilhões anualmente.

Expansão da economia criminosa

Além do setor de combustíveis, a pesquisa aponta que o crime organizado tem forte presença na adulteração e comercialização de bebidas e cigarros falsificados, além da extração e venda ilegal de ouro na Amazônia. No total, essas atividades ilegais movimentam R$ 146,8 bilhões por ano.

“O crime organizado vem se complexificando, sofisticando, profissionalizando e passou a explorar a cadeia de produtos, mesmo que legais, para auferir lucros exponenciais que geram receita para o crime organizado e ajudam a subsidiar, por exemplo, o tráfico de drogas e de armas”, explicou Eduardo Pazinato, associado sênior do FBSP e um dos coordenadores do estudo.

Domínio sobre postos de combustíveis

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que 41,8% da receita de facções criminosas provém do mercado de combustíveis. No ano passado, foi noticiado que mais de 900 postos no Brasil estavam sob o comando de organizações criminosas. Agora, o estudo aponta que a infiltração vai além, abrangendo toda a cadeia do setor.

“No caso dos combustíveis, essa cadeia criminal se desenvolve de maneira bastante complexa na adulteração de combustíveis, roubo de cargas e dutos, bombas fraudadas, postos piratas, empresas de fachada e vendas sem emissão de nota fiscal. Em toda a cadeia de valor do combustível há infiltração do crime organizado”, destacou Pazinato.

Fraudes e prejuízo fiscal

O estudo também aponta que essas operações ilegais envolvem lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por meio de empresas fantasmas. As fraudes no setor de combustíveis resultam em perdas fiscais de até R$ 23 bilhões ao ano. Em 2022, cerca de 13 bilhões de litros de combustível foram comercializados ilegalmente.

Grande parte desse combustível abastece aeronaves e veículos usados em atividades de garimpo ilegal. Segundo a pesquisa, esse volume seria suficiente para suprir toda a frota de veículos do Brasil por três semanas.

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