Onda de calor em Minas Gerais pode superar 40°C nos próximos dias

A onda de calor que tem atingido o Sul do Brasil nos últimos dias está se expandindo para outras regiões, impactando diretamente o Sudeste e o Nordeste. Em Minas Gerais, a previsão indica temperaturas superiores a 40°C, especialmente no Norte e Noroeste do estado, além da Região Central, Zona da Mata e Triângulo Mineiro. Em Belo Horizonte, os termômetros podem registrar entre 34°C e 36°C.

Sensação térmica elevada e recordes históricos

A combinação de altas temperaturas com a umidade relativa do ar intensifica a sensação térmica, tornando o calor ainda mais intenso. Esse fenômeno, característico do verão, tem sido observado com maior intensidade, registrando recordes históricos, conforme apontam especialistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A sensação térmica é calculada a partir de fatores como temperatura, umidade, vento e radiação solar, sendo uma referência importante para entender como o corpo humano percebe o calor. Em dias muito quentes e úmidos, o suor evapora com mais dificuldade, dificultando a regulação da temperatura corporal e aumentando os riscos para a saúde.

Sensação térmica de 70°C é um equívoco

Nos últimos dias, circulou nas redes sociais a informação de que a sensação térmica no Brasil poderia alcançar os 70°C. Esse número teria sido obtido a partir de uma tabela do Núcleo de Climatologia Aplicada ao Meio Ambiente da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), mas especialistas esclareceram que se trata de um erro de interpretação.

Bruno Brezenski, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), explicou que a previsão foi interpretada de maneira equivocada. Segundo ele, "a pessoa pegou um resumo da previsão e combinou a temperatura e a umidade relativa máximas, cujos picos costumam ocorrer em horários bem diferentes, e 'jogou' na tabela. A maior temperatura geralmente ocorre no meio da tarde, e a umidade máxima, de madrugada ou ao amanhecer. É um uso errado dos dados e da tabela. Precisa coincidir os dados de temperatura e umidade para um mesmo horário."

Brezenski também destacou que a tabela da USP apresenta combinações teóricas de temperatura e umidade, mas muitas delas não são viáveis na prática. Ele reforça que valores como 100% de umidade e 42°C de temperatura dificilmente ocorreriam em condições naturais.

Risco de desinformação e alarmismo climático

O pesquisador alerta que a divulgação incorreta de informações meteorológicas pode causar pânico desnecessário. "Casos recentes, como o do ano passado, mostraram como equívocos na divulgação de dados podem gerar pânico desnecessário. Ondas de calor são eventos sérios, mas precisam ser comunicados com precisão para que as pessoas saibam como se proteger", afirmou.

Ele também ressaltou que o calor extremo está entre as principais causas de mortes relacionadas ao clima, superando fenômenos como tempestades, furacões e tornados. Dessa forma, é essencial que a população compreenda a gravidade do calor intenso sem cair em exageros que possam desacreditar informações científicas.

Como se proteger durante a onda de calor

Com temperaturas elevadas, o calor pode representar riscos, principalmente para idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. Para minimizar os impactos das altas temperaturas, especialistas recomendam:

• Hidratação constante: beba bastante água ao longo do dia;
• Roupas leves: prefira tecidos claros e frescos;
• Evite exposição direta ao sol: principalmente entre 10h e 16h;
• Ambientes frescos: busque locais arejados e com sombra.

A onda de calor deve persistir nos próximos dias, tornando essencial que a população adote medidas para amenizar os efeitos das altas temperaturas e evite complicações de saúde.