Rússia inicia negociações de cessar-fogo com EUA e Ucrânia
Diálogo começou na quarta-feira (12) e pode incluir conversa entre Putin e Trump
Por Plox
13/03/2025 11h12 - Atualizado há 2 meses
A Rússia deu início às negociações para um possível cessar-fogo na Ucrânia, com mediação dos Estados Unidos. A proposta, aceita por Kiev, busca uma solução para o conflito iniciado por Vladimir Putin em 2022.

As conversas preliminares ocorreram na quarta-feira (12), por meio de telefonemas entre assessores do Kremlin e a equipe de segurança nacional dos EUA. Entre os participantes, estavam Mike Waltz, conselheiro americano, e Iuri Uchakov, consultor do governo russo.
Nesta quinta-feira (13), Steven Witkoff, enviado dos EUA para o Oriente Médio e um dos principais negociadores do governo de Donald Trump, desembarcou em Moscou para aprofundar os diálogos. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, não descartou a possibilidade de um telefonema entre Putin e Trump ao longo do dia.
Apesar da abertura para negociações, a proposta tem sido recebida com ceticismo por Moscou. A Rússia questiona a decisão dos EUA de reativar a ajuda militar a Kiev, após a aceitação da trégua de 30 dias. Outro ponto de impasse é a ausência de um plano concreto para o pós-trégua, com apenas algumas sugestões preliminares, como trocas de prisioneiros.
Os pedidos feitos pela Ucrânia também incluem a devolução de milhares de crianças levadas para a Rússia, algo que Moscou defende como uma ação humanitária, enquanto o Tribunal Penal Internacional vê como crime de guerra. Analistas indicam que esse ponto pode ser um dos mais difíceis de resolver.
As negociações começaram há duas semanas, em um encontro entre Waltz e Uchakov na Arábia Saudita. A instabilidade nas declarações de Trump, que recentemente chamou Volodimir Zelenski de ditador e o expulsou da Casa Branca, gera incerteza sobre os termos do acordo. Até o momento, não há clareza sobre o que os EUA ofereceram à Ucrânia nas discussões realizadas na terça-feira (11), em Jeddah.
Entre os desafios a serem superados nas futuras rodadas de negociação, estão as concessões territoriais de Kiev, garantias de segurança para ambos os lados, a situação das regiões anexadas pela Rússia, compensações econômicas e o destino das populações deslocadas pela guerra.
A Rússia, por sua vez, deixou claro que não aceitará a presença de forças ou bases militares estrangeiras na Ucrânia, um ponto defendido tanto pelos europeus quanto pelo próprio Trump. Enquanto isso, os avanços russos no leste da Ucrânia fortalecem a posição de Putin nas negociações. Moscou anunciou que retomou completamente Sudja, base das forças ucranianas na região, após uma retirada estratégica dos soldados de Zelenski.
Putin reforçou essa postura ao visitar a linha de frente nesta quarta-feira (12), vestindo um uniforme militar, algo incomum para o líder russo. O gesto foi interpretado como uma tentativa de projetar força tanto para o público interno quanto para os líderes internacionais.
Enquanto as negociações avançam, os combates continuam intensos. O exército ucraniano declarou ter derrubado 74 de 117 drones russos lançados durante a noite, enquanto Moscou informou ter neutralizado 77 drones inimigos sobre seu território, sem detalhar o número total de ataques.