ONU alerta para impacto global de tarifas dos EUA no comércio mundial

Economista do ITC prevê queda de 3% nas trocas internacionais e redução de 0,7% no PIB global, com possíveis redefinições nas cadeias de suprimentos

Por Plox

13/04/2025 11h09 - Atualizado há 26 dias

As recentes tarifas comerciais adotadas pelos Estados Unidos podem provocar uma retração de até 3% nas trocas internacionais, conforme estimativa da diretora-executiva do International Trade Centre (ITC), organismo ligado à ONU. O alerta foi emitido por Pamela Coke-Hamilton na última sexta-feira (11), durante divulgação de um comunicado oficial da entidade.


Imagem Foto: Pixabay


Segundo a economista, os impactos das medidas se ampliam quando somadas às retaliações promovidas por outros países, o que pode resultar em uma redução de até 0,7% no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além da queda econômica, a especialista prevê uma reconfiguração das cadeias de suprimentos globais, com potencial para desencadear transformações geopolíticas significativas.



“Haverá uma reavaliação de alianças globais, mudanças geopolíticas e econômicas”, afirmou Coke-Hamilton, referindo-se à decisão dos EUA de suspender por 90 dias as tarifas recíprocas — com exceção da China, para onde as novas taxas chegam a 145%. Como resposta direta, o governo chinês aumentou as tarifas sobre produtos americanos para 125%.



Entre os países mais atingidos pelas novas diretrizes comerciais estão México, China, Tailândia e diversas nações do sul da África. O México já observa forte impacto em suas exportações, que agora são redirecionadas para destinos como Canadá, Brasil e, em menor grau, Índia. O Vietnã, por sua vez, vem deslocando suas vendas dos Estados Unidos e da China para blocos como União Europeia e Coreia do Sul.



Economias emergentes que têm baixa diversidade industrial, como Lesoto, Camboja e Mianmar, são apontadas como as mais vulneráveis. Para a diretora do ITC, essas nações enfrentam maiores desafios diante da instabilidade e da imprevisibilidade do cenário internacional.
“A instabilidade e a imprevisibilidade afetam decisões em tempo real”, destacou.

Apesar de o comércio entre EUA e China representar uma fração entre 3% e 4% das transações globais, a economista pondera que ainda há 96% do comércio internacional ativo. Nesse contexto, reforça-se a importância de uma nova estratégia:
“Se houve um momento para diversificação e integração regional, é agora”, concluiu Coke-Hamilton, acrescentando que a incerteza prolongada “não contribui para a estabilidade” do sistema econômico mundial.

Destaques