Pfizer diz que Brasil não respondeu propostas em 2020 e só fechou contratos em 2021

Presidente da Pfizer disse que foram feitas ofertas ao Brasil em agosto e que vacinas teriam começado a chegar em 2020

Por Plox

13/05/2021 16h41 - Atualizado há quase 4 anos

Em seu testemunho na CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (13), Carlos Murillo, presidente regional da Pfizer na América Latina, falou sobre os contratos da empresa com o Governo Federal, em relação a quantidade de doses de vacinas e quando foram enviadas propostas. Murillo afirmou que em agosto de 2020, foram enviadas três propostas, mas contratos só foram fechados em  2021.

Segundo Carlos Murillo, o segundo contrato de vacinas com o Ministério da Saúde está na fase final de assinatura e prevê um total de 100 milhões de doses, a US$ 12, com entrega até o quarto trimestre deste ano, ou seja, a partir de outubro de 2021.

Em março, o Governo Federal já havia fechado um outro acordo com a Pfizer, para mais 100 milhões de doses neste ano, no valor de US$ 10. Ao todo, a empresa vai disponibilizar 200 milhões de doses.

Carlos Murillo. Foto:Jefferson Rudy/Agência Senado


Governo Federal não respondeu ofertas da Pfizer em agosto

Também em seu depoimento, Carlos Murillo afirmou que os primeiros contatos da empresa com o Governo Federal foi em maio de 2020 e, em agosto do mesmo ano, a Pfizer fez uma oferta de vacina, porém, o Brasil não respondeu a proposta.

Murillo também declarou que a empresa chegou a oferecer outras propostas ainda em agosto e, na segunda e terceira propostas apresentadas ao Ministério da Saúde, também não houve respostas. De acordo com o presidente da Pfizer, se o Brasil tivesse fechado acordo em agosto, em dezembro o Brasil poderia ter recebido 1,5 milhão de doses.

Conforme relatado por Murillo, a primeira oferta oficial, feita ao Ministério da Saúde, ocorreu em 14 de agosto de 2020, com duas possibilidades: 30 milhões de doses ou 70 milhões de doses, ambas com a entrega de 500 mil doses ainda em 2020.

Na segunda oferta, em 18 de agosto de 2020, e na terceira, em 26 de agosto, também foram propostos os volumes de 30 milhões e 70 milhões, mas com uma nova possibilidade: 1,5 milhão de doses para serem entregues em 2020.

Murillo ainda afirmou que, caso o Brasil tivesse aceitado a proposta em agosto, a Pfizer teria feito o mesmo processo que foi feito nos Estados Unidos, Reino Unido, entre outros países, quando a empresa fez o pedido de uso emergencial da vacina nas agências reguladoras (no brasil é a Anvisa) após os governos terem assinado contratos, ou pré-contratos, estando o pagamentos condicionados à autorização de uso da vacina.

Novas ofertas

Murillo também relatou que novas ofertas teriam sido feitas em fevereiro e março deste ano, porém, só em março foi assinado contrato com a empresa, de 100 milhões de doses.

O presidente da Pfizer garantiu que as negociações com o governo brasileiro sempre foram lideradas por ele, junto ao Ministério da Saúde, em especial com o ex-secretário-executivo da pasta, Élcio Franco. Murillo também confirmou a assessoria de dois escritórios externos de advocacia à empresa.

 

Cláusulas leoninas
O presidente regional da Pfizer ainda falou sobre as cláusulas leoninas do contrato com o Governo federal e afirmou que as mesmas clausulas são utilizadas pela empresa  com todos os 110 países na qual a Pfizer tem negociações de vacinas.

“Não concordo com esse posicionamento e com o classificativo de cláusulas leoninas. A Pfizer exigiu a todos os países as mesmas condições que ofereceu ao Brasil”, disse Murillo.

 


 

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