Freira brasileira diz ter sido afastada por ser 'bonita demais' e recorre ao Vaticano
Aline Ghammachi perdeu cargo de madre-abadessa após denúncias anônimas e acusa abade de comentários machistas sobre sua aparência
Por Plox
13/05/2025 07h02 - Atualizado há 2 dias
Aline Pereira Ghammachi, brasileira natural do Amapá e ex-madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, protagoniza uma polêmica internacional após ser afastada do cargo por ordem do Vaticano. O motivo da remoção, segundo a própria religiosa, envolve denúncias anônimas e preconceito com sua aparência.

Com 33 anos, Aline havia se tornado a mais jovem abadessa da Itália em 2018. Entretanto, após denúncias anônimas de maus-tratos e irregularidades financeiras, uma investigação foi iniciada pelo Vaticano. Apesar de um relatório preliminar, em 2023, recomendar o arquivamento do caso, o processo foi reaberto meses depois.
Aline afirma que a reabertura foi motivada por influência de frei Mauro Giuseppe Lepori, abade-chefe da ordem do mosteiro. Segundo ela, o frei fazia piadas sobre sua aparência, dizendo que era \"bonita demais para ser freira\". \"Me expôs ao ridículo\", contou.
Uma nova visita apostólica ocorreu em 2024, e a religiosa foi removida de sua função logo após uma breve conversa com a enviada do Vaticano, que a classificou como \"desequilibrada\". A mudança aconteceu no mesmo dia da morte do papa Francisco, o que, segundo Aline, impediu qualquer recurso imediato.
Na sequência de sua saída, 11 das 22 freiras do mosteiro também deixaram o local. Algumas chegaram a procurar a polícia, alegando terem fugido apenas com suas vestes e sem documentos. As demais religiosas que permaneceram são, em sua maioria, idosas com mais de 85 anos.
Durante sua liderança, Aline desenvolveu projetos sociais no mosteiro, como apoio a mulheres vítimas de violência, uma horta para pessoas com autismo e produção de prosecco. Apesar das críticas, recebeu o apoio de outras freiras, como Maria Paola Dal Zotto, que denunciou um clima de calúnias e perseguições.
Frei Mauro, por outro lado, afirmou à imprensa que Aline estaria tentando recuperar prestígio \"por meio de mentiras e manipulação da mídia\". A religiosa rebate, alegando que não teve direito de defesa e questiona se sua nacionalidade e juventude pesaram na decisão.
As religiosas que deixaram o mosteiro planejam continuar a vida religiosa em uma nova residência oferecida por um benfeitor. Elas devem pedir dispensa de votos, exigência canônica, mas mantêm o desejo de seguir na vida de oração e serviço.
O caso ganhou repercussão na Itália. A rede RAI exibiu uma reportagem especial sobre o episódio, e a produtora alemã considera transformá-lo em filme. O jornal Corriere del Veneto também publicou matéria sobre o escândalo.
Sobre o novo papa, Leão XIV, Aline demonstra esperança: \"Ele é um papa canonista, entende a lei. Não quero nada além da lei\".