Morte de guia turístico durante operação provoca revolta na Bahia
Victor Santana, de 28 anos, foi atingido por tiros enquanto aguardava hóspedes em Caraíva; moradores protestaram após o ocorrido
Por Plox
13/05/2025 11h36 - Atualizado há cerca de 18 horas
A vila de Caraíva, localizada no município de Porto Seguro, sul da Bahia, foi cenário de tensão e indignação após uma operação conjunta da Polícia Militar da Bahia e da Polícia Federal, realizada no último sábado (10), que resultou na morte de duas pessoas. Entre as vítimas estava Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, conhecido como Vitinho, um guia turístico que trabalhava com passeios de buggy e lancha na região.

Victor era natural de Itabela (BA) e vivia em Caraíva havia pelo menos sete anos. Além de atuar como guia, também trabalhou em pousadas e em um camping local. No momento em que foi baleado, ele esperava hóspedes nas margens do rio Caraíva, de onde os levaria até uma pousada na vila. Segundo moradores, Victor era bem conhecido na comunidade e não possuía vínculos com atividades criminosas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a operação tinha como objetivo desarticular um grupo ligado ao tráfico de drogas e armas, homicídios, roubos, lavagem de dinheiro e corrupção de menores. Durante a ação, dois suspeitos foram atingidos por disparos e, apesar de socorridos, não resistiram.
Além de Victor, também morreu um homem apontado como líder do grupo criminoso e que possuía mandado de prisão em aberto. Um terceiro suspeito, identificado como Ramon, foi preso. Foram apreendidas armas de fogo, drogas e munições. A Polícia Civil e a Corregedoria da PM acompanham as investigações, supervisionadas ainda pelo Ministério Público da Bahia.
A morte do guia turístico gerou forte reação na comunidade. Na segunda-feira (12), moradores organizaram um protesto e bloquearam a travessia do rio Caraíva, impedindo a passagem das balsas. Comerciantes locais, sob anonimato, relataram que criminosos decretaram um toque de recolher após a ação, o que levou ao fechamento de bares, restaurantes e lojas. A polícia nega que tenha havido toque de recolher.
Amigos e moradores expressaram pesar e indignação com o ocorrido. “O Vitinho que conheci era um cara do bem, sempre educado, tratava bem todo mundo. Ele nunca teve envolvimento no crime”, afirmou o empresário William de Souza, também morador da vila.
O corpo de Victor foi sepultado em Itabela. Familiares relataram que o corpo apresentava marcas de agressões. A Bahia lidera o país em mortes por intervenção policial: entre janeiro e março de 2025, foram 412 casos registrados. Em 2024, esse número chegou a 1.557 em todo o estado.
O caso acende um alerta sobre a forma como operações policiais são conduzidas em regiões turísticas e comunidades tradicionais, levantando questionamentos sobre o uso da força e seus impactos sobre moradores inocentes.