Pesquisador critica presença de Lula ao lado de autocratas em evento na Rússia

Vitelio Brustolin, da UFF e Harvard, apontou contradições entre discurso democrático e atitudes do presidente durante visita a Moscou

Por Plox

13/05/2025 17h57 - Atualizado há 1 dia

Durante sua passagem por Moscou na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve ao lado de líderes considerados autocratas e de pessoas acusadas de crimes de guerra, conforme apontou o pesquisador Vitelio Brustolin, que leciona Relações Internacionais na Universidade Federal Fluminense (UFF) e atua também na Universidade de Harvard.


Imagem Foto: Presidência


O chefe do Executivo brasileiro participou da parada militar que celebrou os 80 anos da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. O evento foi promovido pelo governo russo, sob comando de Vladimir Putin, que enfrenta uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional por acusações de sequestro de milhares de crianças ucranianas.



Para Brustolin, a ida de Lula ao evento representou um gesto que contraria o discurso democrático que o presidente costuma defender. Ele ressaltou que outros líderes convidados optaram por não comparecer, como foi o caso de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, que enviou representantes no lugar. “Não havia necessidade de Lula ir a Moscou pessoalmente”, afirmou o pesquisador em entrevista ao jornal O Globo.



A visita foi interpretada por muitos como um ato de propaganda do governo russo, gerando reações negativas tanto internas quanto externas. O presidente da Polônia, Donald Tusk, embora sem mencionar diretamente Lula, declarou que aqueles que aplaudiram Putin deveriam se envergonhar.


Brustolin também questionou o fato de Lula não ter aproveitado sua viagem anterior à Europa, para o funeral do Papa Francisco, para visitar os túmulos dos 457 pracinhas da Força Expedicionária Brasileira mortos durante a Segunda Guerra Mundial na Itália.


'Existe um contrassenso. Lula se elegeu com um discurso de defesa da democracia, afirma ter combatido um golpe de Estado no dia 8 de janeiro, e apareceu ao lado não apenas de ditadores, mas também de criminosos de guerra', disse o pesquisador.

Ele ainda ressaltou que a viagem não resultou em nenhum benefício para o Brasil. Pelo contrário, países como Estônia, Letônia e Lituânia chegaram a negar o sobrevoo do avião presidencial em seus territórios, justamente por ele estar se dirigindo a Moscou. Enquanto isso, outros líderes mundiais buscavam negociar um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, e Lula não conseguiu influenciar sequer uma pausa nos combates.


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