"Família e amigos denunciam assédio e pressão psicológica após suicídio de escrivã da Polícia Civil em Minas Gerais"

A família e amigos de Rafaela expressam o desejo de justiça e a esperança de que sua morte possa impulsionar mudanças dentro da corporação

Por Plox

13/06/2023 07h02 - Atualizado há cerca de 2 anos

A Dura Realidade do Assédio na Polícia Civil

Rafaela Drummond, uma escrivã de 32 anos da Polícia Civil de Minas Gerais, tirou a própria vida após sofrer assédio moral e sexual, de acordo com testemunhos de sua mãe, irmã e amigos. Antes de sua morte, Rafaela registrou áudios que apontam para um ambiente de trabalho tóxico, alimentado por perseguição e pressão psicológica.

Foto: Arquivo pessoal

O Sonho Interrompido

Rafaela, desde jovem, dedicou-se aos estudos com o sonho de se tornar delegada, segundo contou sua mãe, Zuraide Drummond. Após assumir o cargo de escrivã na delegacia de Carandaí, na região da Zona da Mata em Minas Gerais, esperava se aproximar mais do seu sonho. Contudo, uma mudança na liderança da delegacia marcou um terrível declínio na experiência de trabalho de Rafaela.

Assédio e Perseguição no Trabalho

Segundo relatos da mãe e da irmã, Karoline Drummond, Rafaela se tornou alvo de perseguição, tanto por parte do novo delegado quanto por colegas de trabalho. O delegado, afirmam, questionava abertamente a estabilidade mental de Rafaela, a chamando de "desequilibrada" e "louca". A situação chegou a tal ponto que Rafaela solicitou transferência, por não aguentar mais o ambiente de trabalho.

Karoline relata um incidente de assédio sexual por parte de um colega de trabalho, que reagiu com violência quando Rafaela recusou suas investidas em uma festa da empresa. Ao comunicar o incidente ao delegado, a resposta de Rafaela foi simplesmente "quer que eu faça o quê?".

Investigação em Andamento

De acordo com informações fornecidas pela Polícia Civil, estão sendo instaurados um procedimento disciplinar e um inquérito policial para investigar as denúncias associadas ao caso. A Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ), em conjunto com a Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO) do Hospital da Polícia Civil (HPC), estão atuando no município de Carandaí para dar assistência aos servidores.

A família e amigos de Rafaela expressam o desejo de justiça e a esperança de que sua morte possa impulsionar mudanças dentro da corporação. A tristeza e o choque em torno do incidente ainda são sentidos por todos os que a conheciam, com uma amiga próxima compartilhando mensagens desesperadas de Rafaela: "Eu não aguento mais ter que me reerguer todo dia e em todas as áreas".

Ainda é cedo para dizer se essas investigações levarão a mudanças significativas na Polícia Civil ou se representarão justiça para Rafaela e sua família. O legado de Rafaela, no entanto, é um triste lembrete do preço que o assédio no local de trabalho pode cobrar.

Ecos da Tragédia e Chamado por Mudanças

Diante da chocante morte de Rafaela, colegas de profissão e familiares fazem um apelo para uma profunda transformação na corporação. Eles insistem que é necessário alterar a política institucional, para que outros não enfrentem o mesmo destino. O amigo e colega de estudos de Rafaela, que optou por manter-se anônimo, expressou seu choque com a trágica notícia, além de sua preocupação com a pressão no ambiente de trabalho.

Para a irmã de Rafaela, Karoline Drummond, é crucial que a morte de sua irmã não seja em vão. Ela espera que a tragédia sirva como um despertar para as autoridades policiais, levando a uma melhor compreensão e tratamento dos impactos da sobrecarga mental e emocional desigual nos servidores.

Recordação de uma Vida Interrompida

Familiares e amigos descrevem Rafaela como uma pessoa alegre, com uma vida social ativa. Mas eles também notaram uma mudança drástica em seu comportamento recentemente. Ela se tornou silenciosa e parecia estar deprimida. Embora Rafaela tenha confessado a alguns amigos sobre suas intenções suicidas, ela não compartilhou esses pensamentos com sua família.

A perda de Rafaela deixa uma lacuna irreparável e um desejo ardente de justiça entre seus entes queridos. Seu caso chocante levanta sérias questões sobre o ambiente de trabalho na Polícia Civil de Minas Gerais, deixando todos em busca de respostas e soluções.

 


 

Destaques