Na madrugada de sexta-feira, o cenário geopolítico internacional foi abalado por ataques de Israel ao Irã, provocando uma reação imediata nos mercados globais.
Os preços do petróleo registraram aumentos significativos, com o barril do tipo WTI, referência nos Estados Unidos, subindo cerca de 8,33%, alcançando US$ 74,05. Já o Brent, padrão internacional, teve uma valorização de 8,77%, chegando a US$ 75,44. Durante a madrugada, as cotações chegaram a subir mais de 10%, refletindo a preocupação dos investidores com possíveis interrupções no fornecimento de petróleo na região.
O Estreito de Ormuz, localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, é uma rota estratégica por onde passa cerca de 20% do comércio global de petróleo. Qualquer ameaça de bloqueio nesse ponto pode causar um choque na oferta mundial da commodity, elevando ainda mais os preços e impactando diretamente países importadores, como o Brasil.
No mercado brasileiro, aproximadamente 30% do diesel e 10% da gasolina são fornecidos por refinarias privadas que dependem de importações. Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), comentou que variações nos preços do petróleo são comuns em períodos de tensão, mas ressaltou que é necessário aguardar a estabilização do mercado antes de prever impactos duradouros.
Eduardo Melo, sócio-fundador da Raion Consultoria, destacou que a Petrobras, principal fornecedora de combustíveis no Brasil, costuma adotar uma postura cautelosa, evitando repasses imediatos das flutuações internacionais aos preços internos. No entanto, refinarias privadas podem ajustar seus preços já na próxima semana, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a dependência de importações é maior.
A possibilidade de uma escalada no conflito entre Israel e Irã, com potenciais impactos no Estreito de Ormuz, mantém o mercado em estado de alerta. Um bloqueio nessa rota poderia elevar o preço do barril de petróleo Brent acima de US$ 100, afetando significativamente os custos dos combustíveis em todo o mundo.
Apesar das incertezas, especialistas recomendam cautela e observação atenta dos desdobramentos no Oriente Médio. Até o momento, não há necessidade de correria aos postos de combustíveis, mas é essencial acompanhar as atualizações para entender os possíveis efeitos no mercado brasileiro.